Jura do Amor eterno
Jura do amor eterno
Numa certa manhã, enquanto fazia minha caminhada, tive a atenção desviada para um casal de idosos. Eles não caminhavam mais, apenas deslizavam a um quarto de passo por vez. Não tinham pressa, e creio que nem conseguiriam ter, mesmo que quisessem. Suas feições eram de fragilidade, mas havia um não sei quê de serenidade nelas. Caminhavam de mãos dadas, com os dedos entrelaçados, parecendo bem apertadinhos. Eram magros. A pele denunciava a longevidade dos dois. As veias pareciam que iam saltar a qualquer momento. Minha imaginação fez com que eu voltasse ao tempo em que os dois se conheceram. O primeiro olhar. O primeiro sorriso. E, por fim as juras de amor que fizeram. A garantia que cada um deu ao outro de permanecerem juntos tantos nos momentos bons como ruins. E sem dúvidas que eles tiveram tais momentos! Quantos risos e lagrimas no decorrer de tantos anos! E lá estavam eles, andando, ou melhor, deslizando lado a lado com os dedos entrelaçados cumprindo as juras que fizeram a cinqüenta, sessenta, setenta anos atrás, ou até mais do que isso. Eu, que testemunhei tal momento sublime, achei, naqueles dedos unidos, inspiração para escrever o seguinte poema:
JURA DO AMOR ETERNO.
Estou à procura de você
Para fazer parte de mim!
Que seja mulher cuidadosa
Naquilo que diz e que faz.
Que seja mulher carinhosa
Fazendo o que me apraz
Que se agrade da chuva
Mesmo se estivermos na praia!
Que um copo pelo meio
Pareça a você quase cheio!
Que eu lhe seja mais importante
Do que a novela das nove!
Que acaricie meu rosto;
Afague o meu cabelo;
Beije os meus lábios
E me ame de verdade!
Que, na minha aflição,
Saiba estender sua mão.
Ao me ver desnorteado,
Não me deixe isolado!
Que não queira Competir,
Antes, porém,
Unir nossas forças.
Que não se ludibrie
Com novas filosofias,
Nem acredite em conselhos
De revistas femininas.
Que, além de minha amada,
Seja também minha amiga.
Que eu continue sempre
Sendo seu único herói!
E, se um dia você for rainha,
Que eu seja escolhido seu rei!
Não quero que se entregue
Inteiramente por nada.
Prometo ser todo seu,
Será sempre a minha amada!
Lá no tapete da sala,
Serei o seu cavalinho.
Carrega-la-ei nas costas.
Irei até pinotear!
Irei beijar os seus lábios;
Colocá-la em meu colo;
Afagar os seus cabelos;
Acariciar seu rosto;
E, mirando em seus olhos,
Enxergarei sua alma
E direi, com todo fervor:
Amo você, meu amor!
Se quiser que eu lhe prometa,
Este é um juramento meu:
Será minha Julieta
E eu serei seu Romeu.
Se for minha Cinderela,
Serei seu príncipe encantado.
Porém, se for minha bela,
Jamais serei uma fera,
Só serei o seu amado!
Mesmo que eu jamais seja rei,
Sempre será minha rainha!
Estarei sempre ao seu lado,
Para o que der e vier.
Saberei rir com você
E com você chorarei.
Quando faltar programa,
Será um imenso prazer
Rodar numa simples praça
Segurando sua mão!
Jamais alegarei cansaço
Quando me desejar.
Irei envolvê-la em meus braços,
E, com muito carinho,
Entregando-me de corpo e alma,
Esperarei seu momento.
Irei estreitá-la em meu peito,
Unir nossos corações
Que, ao baterem tão forte,
Lembrarão o Olodum!
Quando sentar no sofá,
Seu lugar será ao meu lado.
Irei beijar os seus lábios;
Aconchegá-la em meus braços;
Afagar os seus cabelos;
Acariciar seu rosto;
E, mirando em seus olhos,
Enxergarei sua alma
E direi, com todo o fervor,
Amo você, meu amor!
Embora me importarei
Se o mundo estará bem ou mal,
Você será mais importante
Do que o “Jornal Nacional”.
Quero ser sua metade
E que você seja a minha!
Quero ser sua alma gêmea!
Nós seremos carne e unha!
Não quererei casa na praia
E nem um carro de luxo.
Tampouco qualquer iate.
Nem mesmo um alto salário.
Não quererei muito ouro,
Pedras preciosas, ou gemas.
Porque meu maior tesouro,
O meu bem mais precioso,
Será você ao me lado!
Irei beijar os seus lábios;
Afagar os seus cabelos;
Acariciar seu rosto;
Estreitá-la em meu peito,
E sentir seu coração
Bater pertinho do meu!
Irei mirar em seus olhos
E enxergar sua alma.
Segurar em suas mãos,
Encostar meu rosto no seu,
E sussurrar em seu ouvido,
Ainda com o mesmo fervor:
Amo você, meu amor!
Nada será diferente.
Tudo será como antes.
Nosso amor será ardente.
Seremos eternos amantes!
Quando a velhice chegar,
Ainda irei, acredite,
Mesmo que sofra de artrite,
Lá, no tapete da sala,
Ser o seu cavalinho
E carregá-la nas costas.
Perdão se eu não pinotear!
Irei beijar os seus lábios;
Colocá-la em meu colo;
Afagar os seus cabelos;
Acariciar seu rosto;
E, mirando em seus olhos,
Enxergarei sua alma
E direi, com o mesmo fervor:
Amo você, meu amor!
Quando a morte, por inveja,
Vier me tirar de você,
Porei minha cabeça em seu colo,
E, se ainda me for possível,
Irei beijar os seus lábios;
Afagar os seus cabelos;
Acariciar seu rosto;
E, mirando em seus olhos,
Enxergarei sua alma.
E, num esforço hercúleo,
Farei questão de falar,
Perdoe-me se eu não conseguir.
Então tentarei murmurar
Minhas derradeiras palavras,
Sempre com o mesmo fervor:
Amo você, meu amor!