Poucos passos para se alcançar a felicidade
Dona Lourdinha estava
atarefada com as encomendas de costura, mas nem por isso deixou de parar com
os trabalhos quando chegou a hora de preparar a refeição de Ticão, seu marido.
Ela conseguiu uma sintonia espetacular entre o fogão, o tempo, os alimentos a
ser preparados e a chegada do seu homem para o almoço. Não era incomum ela
apagar o fogo do último alimento e ouvir, logo a seguir, o giro da maçaneta
indicando que o companheiro chegara para comer.
Enquanto ele se dirigiu ao lavatório ela montou a mesa, tirou o avental, e sentou-se em sua cadeira preferida. Era o momento em que ele chegava para assumir o seu lugar a mesa. A refeição seguia sempre animada com os dois conversando sobre as atividades de ambos. Naquele dia, porém, ela só foi perceber que a farinha preferida dele havia acabado quando não dava mais para sanar a falha. Acreditou na sensatez dele e esperou que ele não fizesse caso do assunto, mas não foi o que aconteceu. Depois de montar o seu prato foi atrás do farináceo a fim de regar o alimento com ele. Não se conformou quando foi avisado pela mulher, com voz trêmula e baixa, que não dera pela falta daquele alimento. Acabou o dia para ele e, consequentemente, para ela. Fez um discurso lamurioso e exaltado, onde ficou clara sua decepção de ter que ficar sem sua iguaria. Comentou que, em sua vida, havia poucos motivos para felicidade e, um deles era exatamente poder almoçar com sua preciosa nevinha sobre a comida - como ele costumava dizer. E, para o desgosto da companheira, deixou o prato montado na mesa e saiu batendo os pés. Trancou-se em seu quarto e passou o dia com fome. A mulher também não comeu, porque o choro impediu a comida de descer. Como naquela casa não se consumia alimento requentado, tudo foi parar no lixo, inclusive a tarde de ambos. O que mais impressiona é que a casa do casal ficava ao lado de um armazém onde podia se comprar o tão desejado acompanhamento da refeição. A felicidade estava bem perto, mas o orgulho ferido e a incompreensão ergueram uma muralha entre ela e o comensal amargurado.
Enquanto ele se dirigiu ao lavatório ela montou a mesa, tirou o avental, e sentou-se em sua cadeira preferida. Era o momento em que ele chegava para assumir o seu lugar a mesa. A refeição seguia sempre animada com os dois conversando sobre as atividades de ambos. Naquele dia, porém, ela só foi perceber que a farinha preferida dele havia acabado quando não dava mais para sanar a falha. Acreditou na sensatez dele e esperou que ele não fizesse caso do assunto, mas não foi o que aconteceu. Depois de montar o seu prato foi atrás do farináceo a fim de regar o alimento com ele. Não se conformou quando foi avisado pela mulher, com voz trêmula e baixa, que não dera pela falta daquele alimento. Acabou o dia para ele e, consequentemente, para ela. Fez um discurso lamurioso e exaltado, onde ficou clara sua decepção de ter que ficar sem sua iguaria. Comentou que, em sua vida, havia poucos motivos para felicidade e, um deles era exatamente poder almoçar com sua preciosa nevinha sobre a comida - como ele costumava dizer. E, para o desgosto da companheira, deixou o prato montado na mesa e saiu batendo os pés. Trancou-se em seu quarto e passou o dia com fome. A mulher também não comeu, porque o choro impediu a comida de descer. Como naquela casa não se consumia alimento requentado, tudo foi parar no lixo, inclusive a tarde de ambos. O que mais impressiona é que a casa do casal ficava ao lado de um armazém onde podia se comprar o tão desejado acompanhamento da refeição. A felicidade estava bem perto, mas o orgulho ferido e a incompreensão ergueram uma muralha entre ela e o comensal amargurado.
Roberto Policiano
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