Roberto Policiano

18 de dez. de 2006

Ápice

Vejo você chegando contente.
Seu olhar irradiando alegria;
Seu sorriso iluminando o ambiente;
Sua presença provocando euforia.

Vejo você me olhando com gosto.
Suas mãos afagando meus cabelos;
Seus dedos deslizando em meu rosto.
Que lábios lindos! Que olhos belos!

Vejo você, como uma felina,
Enroscando-se toda em seu dono.
Dengos; mimos; aflar de narinas.
Eu, qual gato, não falo, ronrono.

E, no ápice de sua empreitada,
Eu vejo... eu ve... não vejo mais nada!

Roberto Policiano

11 de dez. de 2006

Crianças!

1-) A família estava viajando de ônibus. Ia visitar o Zoológico. A expectativa das crianças era evidente. Enquanto o pai respondia as intermináveis perguntas do filho mais velho e a mãe atendia as necessidades da criança de colo, a menina de três anos de idade assistia a cidade através da janela da condução. De repente ela saiu de seu lugar e, dirigindo-se até seu pai, perguntou:
- Pai, o que é aquilo que eu vi lá fora?

2-) O avô estava absorto em seu trabalho. O serviço, que calculara poderia terminar em cerca de seis horas, já lhe tomara oito horas e indicava que não terminaria tão cedo. O neto de cinco anos, que comumente o acompanhava nos trabalhos que fazia nos fins de semana, tentava ajudar o avô. Evidentemente ele só conseguia atrapalhar. Com uma paciência que lhe era peculiar, o avô vigiava o neto enquanto trabalhava. Em um determinado momento aconteceu este diálogo:
- Não mexe nesta ferramenta que é perigoso.
- Eu tomo cuidado.
- Eu já falei pra você não mexer com esta ferramenta.
- Então eu não vou mais trabalhar com o senhor.
- Também não é por ai!
- Então é por onde, vovô?

3-) O tio tentava consertar o ferro elétrico que estava encostado havia muito tempo. a sobrinha de cinco anos acompanhava a tentativa, sentada em uma poltrona. O rádio executava uma canção do Roberto Carlos que dizia, em parte:
“Um jeito no cabelo, colocando,
Seu perfume preferido,
Diante do espelho, aquilo tudo,
Ela esconde num vestido...”
A sobrinha olhou para o tio e perguntou:
- Ela era gorda?

4-) A família assistia ao telejornal. Uma notícia mostrou o prefeito sendo entrevistado. O pai, que era funcionário público municipal, aproveitou a chance:
- Estão vendo aquele senhor falando ao microfone?
- Sim, respondeu o caçula de quatro anos!
- Ele é o meu chefe.
- Ele é bom?
- É nada!
- Por que?
- Porque ele é o responsável por eu ganhar tão pouco.
- Por que?
- Porque ele é um pão-duro!
- E se ele fosse pão-mole?

Roberto Policiano

3 de dez. de 2006

Lixo & Lixos

Fome na população mostrou a televisão.

Ver gente comendo lixo partiu o coração.

Batata azeda; pão mofado; bife podre; tudo servia.

Enquanto isso, nos armazéns, comida apodrecia!


Para cuidar do assunto uma comissão foi formada.

Mesa fina; talheres de prata; porcelanas; cristais.

Bebidas importadas afogavam a mágoa da comissão preocupada.

A fome da população magoava imensamente os comensais!


-"A situação é emergencial, precisamos agir rapidamente.”

-"Poderemos nos reunir amanhã para elaborar um plano de ação?”

-"Amanhã é quinta-feira, preciso tratar de minha reeleição".



-"Semana que vem é difícil, começa o mês do recesso".

-"Se não houver empecilho trataremos disto em agosto".

Últimos goles; tinir de talheres; garrafas vazias; conta do Estado; arroto!




Roberto Policiano