Aridez
Tal qual um arbusto da Caatinga
Castigado pelo vento cálido
E pelo sol causticante,
Assim me sinto,
Prisioneiro duma terra árida,
Onde quase não há orvalho.
Meus ramos ressequidos
Ameaçam se romper num estalido
E ser arrastado pelo vento,
Juntando-se ao pó e às carcaças
Desta Caatinga inóspita.
Porém, a paciente resistência
Do Mandacaru faz parte do cerne
Que teimosamente me mantém em pé.
O fio da seiva que ainda me resta
grita desesperado:
Ainda há vida!
Há vida ainda!
Anseio de ti o orvalho que me refrigerará.
Necessito da tua umidade.
Careço do teu frescor.
Preciso da tua seiva.
Quem me dera acordar cada manhã
Regado com o teu orvalho!
Meu lenho se umedeceria
E eu reviveria, meu amor.
Meu amor, eu reviveria!
Mais do que isso, meu amor,
Eu rejuvenesceria!
Roberto Policiano
2 Comments:
Para mim este é, sem dúvida, dos seus mais bonitos poemas, Roberto. Parabéns pela escrita e pela poesia.
Um abraço.
Obrigado Ana. Também gostei do poema assim que o escrevi. Um grande abraço
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