Roberto Policiano

14 de jun. de 2010

Resgate



Maria Emengarda,
com a vida brigada,
subiu na jangada
e, remando zangada,
chegou na enseada
em busca da vida
há muito ansiada.

Montou um casebre
num lindo recanto.
Sorrindo de alegre
chamou-o “meu rancho”.
Tão cheia de encanto
viveu no casebre
sem raiva nem ranço.

Mas a natureza,
talvez afetada
com a vida serena
de Maria Emengarda,
agiu com dureza
e aquele casebre
levou de enxurrada.

A água barrenta,
descendo a montanha,
rasgando o solo
num furor doentio,
arrancou as entranhas
daquele recanto
lançando-as no rio.

Maria Emengarda,
ferida, acuada,
sofreu as agruras
da fome e do frio.
Num emaranhado
de galhos e troncos
escapou por um fio.

Três dias depois
Maria Emengarda
foi por fim encontrada
com as forças minguadas,
sendo então resgatada.
Sentindo-se abrigada
Deixou a enseada.

Já recuperada
estudou com afinco
um ano inteiro.
Tendo sido aprovada
Ela hoje trabalha
na mesma brigada
dos amigos bombeiros.


Roberto Policiano