Roberto Policiano

6 de jul. de 2012

Pedido de perdão

Perdão, amor,
eu tentei de tudo,
mas não consegui.
Mudei meus hábitos;
resguardei-me de excessos;
segui a cartilha de uma vida regrada;
fugi da carne vermelha;
abri mão das delícias fritas;
aboli as bebidas alcoólicas de minha vida;
passei longe de refrigerantes;
lanchonetes nem pensar;
optei pelas saladas cruas;
comi cenouras diariamente;
virei as costas para o pastel;
não como mais pão branco pela manhã,
apenas torradas com mel;
carnes só brancas:
cozidas, grelhadas, ou, no máximo, na chapa;
aderi aos grãos e às fibras;
troquei o barzinho pela academia
e exercitei-me duas horas todos os dias;
só saí ao sol antes das nove
ou depois das dezessete
e sempre besuntado
com bloqueador solar oitenta;
dormi e acordei cedo;
pratiquei sempre exercícios matinais;
Só tomei água mineral,
no mínimo dois litros por dia;
recorri ao silêncio e à calmaria;
tomei banho de sais
e beneficiei-me da aromaterapia;
obedeci a tudo o que os mestres ensinaram;
fiz tudo que me foi possível,
mas não consegui.
perdão, amor,
eu envelheci!

4 Comments:

At 8:08 AM, Anonymous Anônimo said...

Moral da história: viva hoje e aproveite. O tempo é implacável!

 
At 8:13 AM, Anonymous Roberto Policiano said...

Olá Anônimo! Obrigado pela participação. A ideia do poema é falar da cobrança injustificada do envelhecer, como se fôssemos culpados disso. A personagem argumenta que, embora se empenhasse, não conseguiu evitar as consequências da passagem do tempo. O "pedido de perdão", portanto, é uma crítica à tendência atual da obrigatoriedade de escondermos a velhice. Um abraço!

 
At 11:17 AM, Blogger Camis said...

Que Bonito!

Estava com saudades de vir aqui!

 
At 11:59 AM, Anonymous Roberto Policiano said...

Oi Camis! Bom tê-la aqui! Obrigado pelo incentivo. Volte sempre. Grande abraço.

 

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