Roberto Policiano

24 de set. de 2007

Sem palavras

E então nossos olhares se encontraram.
A mensagem foi tão poderosa
Que a entendemos imediatamente.
Mas havia uma muralha a nos separar.
Assim, dos teus eu tirei os meus olhos,
Olhei para o chão,
E segui em frente.
Não sei quem és,
De onde vieste,
Nem para onde foste,
Só sei que, desde então,
Não ouço mais em meu peito
O pulsar do meu coração!

Roberto Policiano

17 de set. de 2007

Lado a lado

Sim, eu quero que venhas. Desejo intensamente estar sempre ao teu lado. Só peço que venhas sem mágoas. Eu sei que é difícil, mas só pode ser se for assim. Vamos traçar uma nova linha de partida a começar de agora. Por favor, não me compare com ninguém que já conheceste, pois eu - como qualquer outra pessoa - sou singular. Venha com a alma e o coração desarmados. Esqueça o que leste em mensagens de correios eletrônicos que dão a idéia de que o homem e a mulher têm que em constante disputa, como se os dois estivessem num campo de batalhas e fossem inimigos mortais. Se a maioria estiver agindo assim, vamos fazer parte da minoria! É possível, ao invés de participar duma guerra, unir nossas forças e nossos sonhos e, de mãos unidas, caminharmos numa mesma direção.
Roberto Policiano

10 de set. de 2007

Luta Interna

Foi preciso eu me tornar
Um estudante acadêmico
Para saber contornar
Este meu eu epistêmico

Que quer, cientificamente,
Unido ao meu eu moral,
Amoldar a minha mente
Até fundir-me ao social.

Querem me padronizar,
Fazer de mim um objeto
Pronto a se uniformizar.

Assim, esse projeto abjeto
Quer fazer calar meu Cântico
E abater meu eu romântico.

Roberto Policiano

3 de set. de 2007

Plano B

Cinco horas da manhã o relógio despertou. Depois de tomar banho foi até a cozinha e colocou água para ferver a fim de preparar o café, como sempre fazia. Pegou o coador, colocou-o no suporte, pôs as três colheres de pó de café e reservou. Passou manteiga em duas fatias de pão e deixou-as em cima do guardanapo, ao lado da xícara. Dirigiu-se ao fogão a fim de observar se a água já estava fervendo. Foi quando percebeu que o fogo estava apagado. Havia acabado o gás! E agora, o que fazer? Colocou as duas mãos em volta da leiteira e percebeu que a água estava quente. Lembrou do leite em pó e do café solúvel, embora não gostasse de leite, mas precisava ser rápido se quisesse tomar uma bebida mais ou menos quente. Foi rapidamente até a mesa buscar a xícara, colocou um pouco da água nela, dissolveu duas colheres de leite em pó e por fim colocou o café solúvel. Depois de mexer bem, completou a mistura com água até quase encher a xícara. Deu um pequeno trago. Estava horrível. Enquanto usava aquilo para molhar o pão amanteigado, filosofou sobre sua reação. Poderia ter praguejado e sentir-se o mais infeliz dos mortais pelo fato de o gás ter acabado justamente naquela hora, mas, ao invés disso, partiu para o plano B. Sim, a xícara acomodava não um café com leite quase morno, mas o seu plano B, que, afinal, nem fora planejado. O que era para ser frustrante e estragar o início do seu dia, tornou-se o seu triunfo. O café-com-leite continuava horrível, mas o seu significado tornou-o mais suportável de ser ingerido. Dirigiu-se para o trabalho feliz da vida, pois se dava conta que, tal incidente, que tinha tudo para estragar o início do seu dia, foi contornado pelo uso do seu plano B.
Roberto Policiano