Cinco horas da manhã o relógio despertou. Depois de tomar banho foi até a cozinha e colocou água para ferver a fim de preparar o café, como sempre fazia. Pegou o coador, colocou-o no suporte, pôs as três colheres de pó de café e reservou. Passou manteiga em duas fatias de pão e deixou-as em cima do guardanapo, ao lado da xícara. Dirigiu-se ao fogão a fim de observar se a água já estava fervendo. Foi quando percebeu que o fogo estava apagado. Havia acabado o gás! E agora, o que fazer? Colocou as duas mãos em volta da leiteira e percebeu que a água estava quente. Lembrou do leite em pó e do café solúvel, embora não gostasse de leite, mas precisava ser rápido se quisesse tomar uma bebida mais ou menos quente. Foi rapidamente até a mesa buscar a xícara, colocou um pouco da água nela, dissolveu duas colheres de leite em pó e por fim colocou o café solúvel. Depois de mexer bem, completou a mistura com água até quase encher a xícara. Deu um pequeno trago. Estava horrível. Enquanto usava aquilo para molhar o pão amanteigado, filosofou sobre sua reação. Poderia ter praguejado e sentir-se o mais infeliz dos mortais pelo fato de o gás ter acabado justamente naquela hora, mas, ao invés disso, partiu para o plano B. Sim, a xícara acomodava não um café com leite quase morno, mas o seu plano B, que, afinal, nem fora planejado. O que era para ser frustrante e estragar o início do seu dia, tornou-se o seu triunfo. O café-com-leite continuava horrível, mas o seu significado tornou-o mais suportável de ser ingerido. Dirigiu-se para o trabalho feliz da vida, pois se dava conta que, tal incidente, que tinha tudo para estragar o início do seu dia, foi contornado pelo uso do seu plano B.
Roberto Policiano