Roberto Policiano

18 de dez. de 2008

FÉRIAS







ATÉ FEVEREIRO!



11 de dez. de 2008

OSÓRIO E ONÓRIO


Quem os visse pela primeira vez, não conseguiria perceber nenhuma diferença entre Osório e Onório, ‘gêmeos univitelinos’, faz questão de frisar a mãe deles. Na verdade, mesmo quem conhece os dois e convivessem com eles, não tinha certeza, assim que um deles chegasse, quem era ele, tamanha a semelhança física. Mas a semelhança pára por aqui. Nunca vi duas pessoas idênticas serem tão diferentes. Enquanto Osório era extremamente preocupado com a sua saúde, Onório quebrava todas as regras nesse respeito. Nem sempre foi assim, tanto é que os dois eram parceiros de mesa, boteco, bebidas e comidas, as mais gordurosas que alguém possa imaginar. Até o dia em que Osório conheceu a Etelvina. Em pouco tempo tudo que fosse bebidas alcoólicas, refrigerantes, doces, alimentos gordurosos, carnes de qualquer espécie, peixes, e tantas outras coisas que, dizia Etelvina, envenenava o corpo, deixou de fazer parte do cardápio do Osório. Sedentarismo nem pensar, pois o homem corria seus sete quilômetros recomendados para aqueles que tinham juízo e cuidavam de sua saúde, todos os dias, fosse dia útil, fim de semana ou feriado; frio ou quente; seco ou molhado. Em pouco tempo sua alimentação ficou reduzida quase que a folhas, legumes e frutas, cuidadosamente combinadas, acompanhadas de grãos, sempre consumidos com 75ml de água mineral sem gás e numa temperatura entre 18°C e 28,3°C. Além do mais, era necessário dormir exatas oito horas de sono, nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Também era preciso educar o corpo e sempre deitar na mesma hora e, conseqüentemente, levantar na mesma hora a cada dia. No entanto, por mais que ele se esforçasse e comesse literalmente tal qual um pássaro cativo, que passa o dia comendo alpiste, Osório não chegava nem aos pés de Etelvina, essa sim disciplinadíssima, que conseguia, sabe-se lá como, passar o dia com um punhado de grãos e três goles e meio de água. Enquanto isso Onório se empanturrava com torresmo pingando em óleo, macarronada nadando em molhos poli-multi-hiper-super-saturados. E tome caipirinha, cachaça, vinho, cerveja, vodka, e quaisquer outras bebidas que lhe oferecessem, terminando sempre com uma porção generosa de sobremesa, que ele nunca dispensava. Quanto a horários de deitar e levantar, bem, a ocasião ditaria o momento certo. Osório, no início, tentou convencer Onório da sabedoria da mudança de hábitos para garantir um futuro saudável. O último, no entanto, sempre respondia que queria viver - e viver bem - o presente. Quanto ao futuro, estava muito longe para ser levado em conta. Apesar da diferença de estilo de vida, os gêmeos permaneciam idênticos fisicamente, inclusive quanto à massa corpórea!
Vinte anos se passaram nessa diferença até que Etelvina, certa manhã, apesar da rigidez da dieta, teve um mal súbito e precisou ser socorrida às pressas, o que lhe salvou a vida! Uma de suas artérias estava entupida, o que exigiu uma intervenção cirúrgica.
Um mês depois do incidente, quando a rotina tomara seu curso normal, nosso amigo Osório, numa de suas refeições, que era feita num ambiente sereno e agradável, como mandava a cartilha de uma vida saudável, comparou, enquanto quebrava alguns grãos crus com os dentes, sua vida com a do Onório. De repente pareceu-lhe que passar a vida a mato, sementes e água, era uma tremenda de uma idiotice. Quem no mundo era mais disciplinada do que Etelvina? Quem mais indisciplinado do que Onório? Levantou de repente, foi até o banheiro, cuspiu os grãos que mastigava, lavou a boca com água da torneira mesmo e saiu em direção ao restaurante do Polenta, pois sabia que o Onório e a turma estavam lá. Pegou uma cadeira extra, sentou entre os amigos, e pediu:
- Uma feijoada, por favor! Mande também uma porção dupla de torresmo e uma caipirinha grande.
Os demais à mesa, sabendo que o acontecimento merecia uma comemoração, brindaram a volta do amigo com uma branquinha da boa!


Roberto Policiano

4 de dez. de 2008

Realidade


Quem não tem pão

Vive de sobras.

Faz um tempão

Mandam as cobras.


Roberto Policiano