Roberto Policiano

20 de set. de 2010

Desmanche



Raios de sol penetrando pela vidraça;
o vento revirando o ar estagnado;
a cortina chicoteando violentamente o ar;
sua ausência contradizendo minha presença.
Pensamos algo completamente diferente;
sonhamos uma unicidade permanente;
previmos um eterno afogar em abraços;
queríamos uma vida em constantes beijos.
Restaram apenas a casa vazia;
o quarto frio e desalinhado;
eu debruçado na janela
com o rosto solapado pelo vento
olhando em direção ao horizonte,
mas mirando para lugar nenhum;
e você distante de mim
em um lugar qualquer longe daqui.

Roberto Policiano

1 Comments:

At 7:14 AM, Anonymous Ana said...

Nunca pensei que uma casa "vazia" pudesse causar tanta mágoa. Ela encerra a história das pessoas que lá viveram e a sua ausência faz-me questionar se haverá algum sentido para a nossa existência. Uma casa vazia simboliza a perda da nossa íntima identidade com os que lá viveram. Uma casa vazia é a prova da nossa fragilidade. Da nossa efemeridade.
Gostei muito do seu poema, Roberto.
A perda abrupta da minha mãe - tão próxima da do meu pai - também me leva a olhar para lado nenhum, porque em lado nenhum os encontro.
Um abraço.

 

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