Roberto Policiano

27 de out. de 2010

Ancoradouro



Macedo a cortejava

Inebriado por tua beleza

E, como prova de que a amava,

Ofereceu-lhe Veneza.

Mas os olhos de Cristina

Só enxergava a João.


Alfredo, por outro lado,

Jurou fazê-la feliz.

Levou-lhe anel de noivado

E prometeu-lhe Paris.

Mas a alma de Cristina

Ligara-se à de João.


Que dizer de João?

Não via, não ouvia, não notava,

Nem deu qualquer atenção

Ao grande amor de Cristina,

Pois ancorara os seus olhos

Nos olhares de Marina.


Roberto Policiano

21 de out. de 2010

A faxineira



Logo pela manhã ela já pode ser vista em seu uniforme agilmente cumprindo suas obrigações. Varre o chão, tira o pó dos móveis, recolhe o lixo dos cestos, limpa o banheiro, arruma a cozinha. São tantos os seus afazeres que no decorrer do dia é vista trabalhando em vários ambientes diferentes. Vista sim, porém nunca notada, ou quase nunca, para não cometer injustiça com as raríssimas exceções de alguns que a vê como gente e não somente como “a faxineira”. Talvez ninguém nunca observou ainda qual a cor dos seus olhos e nem mesmo a de seus cabelos, sempre escondidos pelo boné que faz parte obrigatória de seu traje profissional. O mesmo pode ser dito de suas mãos encobertas por luvas sintéticas. Poucos sabem o seu nome, embora trabalhe no mesmo local, já por mais de três anos, de segunda a sexta feira, no período das sete horas às dezesseis horas e trinta minutos. Isso, porém, parece não incomodá-la. Após cumprir sua jornada diária, ela, com a sensação de dever cumprido, entra no vestiário e desaparece instantaneamente sem ninguém perceber.
Cerca de quarenta minutos depois naquele dia, Rita, uma mulher com um brilho singular nos olhos, exibindo um rosto de contornos suaves e delicados, cabelos volumosos com um caimento quase perfeito e uma expressão jovial e cativante, é notada por Amadeuzinho, o contador do escritório que, encantado com a visão, volta-se para o Nestor e pergunta:
- Quem é ela?
O outro, depois de examinar aquela que desconcentrou o profissional, respondeu:
- Não sei. Nunca a vi.
Eles não sabem, mas ela é Rita, o grande amor do Otelo que sempre a espera na saída do edifício comercial onde, depois de recepcioná-la com um sorriso apaixonado e um longo abraço, caminha de mãos dadas com ela em direção ao apartamento deles.
Para o Otelo ela é a Rita, a razão de seu existir, mas para o Amadeuzinho, o Nestor, e os demais trabalhadores e trabalhadoras do escritório ela é apenas “a faxineira”.


Roberto Policiano

14 de out. de 2010

Tez



É noite.
A lua exibe

Sua luz prateada.
As estrelas salpicam
o céu de fogo.
A brisa fria
passa por entre as folhas
e provoca um agradável farfalhar.
Insetos e batráquios
entoam suas canções.
Tudo é belo e inspirador.
Mas o que eu mais
admiro na noite
é a sua tez!


Roberto Policiano

4 de out. de 2010

Postagem comemorativa


Está é a postagem de número 200.


Nem eu imaginei que teria tanta inspiração!


Obrigado pelas visitas e apoios de todos!


Um grande abraço!


Roberto Policiano