Roberto Policiano

6 de jun. de 2013

Psicologizando o poema



 
Nunca foi plenamente,

Mas jamais deixei de ser;

Fiquei sempre no quase.

Não sei se fui dasein ou niesad;

Talvez dseina ou nesadi;

Quem sabe dasien, dansei ou daseni;

Ou então dsaein, dseain ou dseian;

Vai depender do ângulo que se vê,

Ou de onde se começa.

Não sei se sou ou estou;

Ou só sou se estou;

Quem sabe se estou porque sou...

Talvez esteja condicionado,

Pelo reforço do ambiente,

Que faz do meu eu

Um rato de laboratório.

Ou, ainda, alguma coisa do subconsciente.

Neste caso eu sou sem saber que sou,

Ou, pior ainda,

Sem saber quem sou.

E, por este motivo,
 
Por mais que queira

Jamais descobrirei

Meu verdadeiro eu.

Sendo assim,

Assusto-me com a hipótese

De ter vivido enganado

O que me deixa decepcionado

Comigo mesmo por este autoengano!

Será que estou projetando?

Ou, talvez, Tentando transferir

As responsabilidades

De meus atos para outrem?

Poderia, quem sabe,

Tentar achar a resposta

Nas etapas, ou fases,

Do meu desenvolvimento psíquico,

Mas ainda pairará

A eterna dúvida:

Isso aconteceu por si só

Ou teve ajuda do meio?

Portanto, resolvi me distanciar

De toda concepção pré-fabricada

E observar o fenômeno

Tal como ele se apresenta,

Com toda sua peculiaridade,

Ao atuar com o outro,

Com o mundo,

Ou consigo mesmo.

Tarefa nada fácil,

Pois ele tem a tendência

De se mostrar e se esconder,

Se camuflar ou se exibir,

No eterno jogo da vida,

Mudando o mundo

E sendo mudado pelo mesmo,

Na sua eterna responsabilidade

De cuidar de si,

Tendo como única certeza

O encontro com a finitude

Que cedo ou tarde acontecerá!
 
 
Roberto Policiano