Roberto Policiano

2 de mai. de 2013

De ponta cabeça



É madrugada. Precisamente três horas da manhã. Ainda não conseguira dormir. O calor incomodava. Rolava na cama. Já havia levantado umas cinco vezes. Resolveu sair até a sacada do apartamento a fim tentar se refrescar com alguma brisa. Lá fora o ar estava estagnado e morno. Olhou em direção ao céu na intenção de perscrutar o infinito. Não entendia muito de estrelas, mas resolveu admirá-las. Espantou-se com as poucas que encontrara. Para onde foram? Olhou para baixo e não pode deixar de perceber o contraste. Milhares de luzes enfeitavam a escuridão da noite. De várias cores e intensidades, ofertavam brilhos à abóboda celeste. “Estranho”, pensou, “é como se a Cidade estivesse de cabeça para baixo”. “Sim”, continuou, “parece que as estrelas foram parar no chão”. Lembrou-se então das várias fotos noturnas de lugares de várias partes do planeta que vira. Em todas elas aparecia o mesmo fenômeno. “Pelo jeito”, concluiu, “ O mundo inteiro ficou de ponta cabeça”. Percebendo que ali estava mais agradável de estar, entrou em casa e, depois de tomar um copo de água gelada, voltou à sacada carregando uma cadeira de praia. Resolvera passar o resto da noite admirando as raras estrelas que estavam visíveis. Ajeitou-se confortavelmente, encostou a cabeça sobre uma almofada que trouxera junto e passou a observar o céu. Dentro de cinco minutos estava em poder de um sono profundo. Imagino que tivera os sonhos mais iluminados de toda sua vida.
 
 
Roberto Policiano