Roberto Policiano

18 de abr. de 2013

Perudá



Nota: O texto a seguir não obedece nenhuma norma de escrita Tupi Guarani. Ele foi escrito em Português a as palavras foram simplesmente trocadas pelo idioma indígina, portanto, não é nenhuma referência para ser seguida. Minha intenção foi tão somente colocar o leitor em contato com algumas palavras do idioma dos povos que habitavam a região que hoje é conhecida como Brasil. Abaixo há um vocábulo que ajudarão na compreensão da mensagem. - Roberto Policiano
 
Nhanundã é um abá que mora num abaetetuba. Ele mesmo é um Abaetê e também um abanã que tem muitos abarés, sendo ele também um deles. Nas festas da tribo ele usa acangatara e aguaniranga para jeroquis. É nesta ocasião que ele estreia sua aimará todo ano. A anama de Nhanundã é muito grande, pois ele tem muitos anacês. Os abás da ocaruçu sempre dizem anauê ao se encontrarem com outro. Quando recebem algo dizem angá. Na sua tribo todos são angatu, por isso, quando sabem de alguém que não está bem eles angaba. É comum entre eles o anhubana. Os amyipagûanas também eram assim. Nhanundã era orube em paem, seja pituna ou coema, amanara ou iaciara. Ele era um guariní porangatu Naurú e antã. Ainda de arasy ele acordava para assistir ao aracê que ele recebia com sua teró no araxá. Quando estava iviturui fazia uma atagûasu para se aquecer. Não, ele não era um babaquara, mas sim um biquara. Nhanundã gostava ainda de passear no apecatu, mergulhar na apenunga e navegar no cotegipe de canoa. É triste dizer para iandê, mas tudo ia bem até que Nhanundã encontrou uma karioca e conheceu cari. Avistou uma kunhã-muku-'im que era dona de eçás porangas que lhe pareceu que estava tiba de urissanê de tanto que brilhavam e um coba porã, além de tembé que pareciam que gotejavam yapira, eram na verdade iracema que teve o poder de mombak o perudá nele, fazendo-o desejar ser o menama dela. Desde então o putári não se afasta dele. Ah! Como ele ansiava sentir o mampituba da dona daqueles cuaracy-aba em seu coba! Mas ela era de tabaréu e ele sabia que o cari não daria sua aisó aiyra para um caapuã dono de uma biboca. O Naurú caiu numa puçá. Desde então ele anda aruru, pois descobriu que o perudá pode fazer asema de caci. O chiú de Nhanundã pode ser ouvido de longe. Mesmo que sua ceci, sua cendira e muitos de sua ceia cê para ele a fim de ajudá-lo a alcançar eçaraia, parece que o coração dele vai espôcar a qualquer momento. Nhanundã sente como se fosse um uaçá atolado num tijucupaua. Tem a sensação de que está emaranhado em tiririka. Não houve puçanga que conseguisse moîebyr a orube no coração daquele kariay que, embora vivo, ficou como manu, não conseguindo jabró de sua caci. O Abá caiu num amopira habitado por arani onde aram não alcança com sua ara, onde arebo de arebá faz aninga, e é habitado por amatirí. Ali o seu gemido faz lembrar a boré. Vivendo desde então amó rupi, o infeliz descobriu que é bagual. Aquele etê abá sente-se mais insignificante do que uma aimirim. A acemira o faz açã e também o leva a perder a akangatu. De longe se ouve na aldeia o som lúgubre do karará, fazendo a anama angaba e acompanhá-lo com seu chiú. É uma tristeza de angûeraso. Xarãma este foi o primeiro caso de amor não correspondido daquela ocara.

 
Roberto Policiano
 

Abá: índio           Abaetê: pessoa boa                       Abaetetuba: lugar cheio de gente boa
Abanã: gente de cabelo forte                                  Abaré: amigo
Acangatara: espécie de coroa de penas de cores vistosas
Açã: gritar                           Acemira: o que faz doer, o que é doloroso
Aguaniranga: bracelete com penas                       Aimirá: Túnica de algodão e plumas      
Aimirim: formiguinha.                   Aisó: formosa.
Aiyra: filha.                        Akangatu: memória, lucidez, inteligência                          
Amanara: dia chuvoso.                                Amatirí: raio, corisco.   
Amó rupi: ao contrário, às avessas                          Amopira: precipício
Amuara: algum dia                         Amyipagûana: antepassado                     Anacê: parente
Anama: família                                Anauê: salve, olá
Angá: expressão de surpresa agradável: bom!, que bom!
Angaba: exprime compaixão                    Angatu: alma boa, bem estar, felicidade
Angûeraso: espantar, atemorizar, o que apavora                                          Anhubana: abraçar
Aninga: arrepio, arrepiar-se                      Antã: forte                         Apecatu: o bom caminho
Apenunga: onda                             Ara : luz                               Aracê: aurora, o nascer do dia
Aram: sol                            Arani: tempo furioso                                    Arasy : madrugada
Araxá: lugar alto onde primeiro se avista o sol                 Arebá: demora
Arebo: cada dia                                Aruru : tristonho                             Asema: grito, gritar
Atagûasu: fogueira                                       Babaquara: tolo, aquele que não sabe de nada
Bagual: do que é mortal                              Biquara: esperto             Bariri:  rio com cachoeiras
Biboca : casa de barro, moradia humilde                             Boré: flauta de osso      
Caapuã: que mora no mato                       Caci: dor                              Cari: homem branco
kari'oka:  casa do branco.                            : canta                             Ceci: mãe           
Ceia: gente                        Cendira: irmã                    Chiú: choro                        Çoba: rosto
Coema:  amanhecer, manhã                      Cotegipe: de rio torto ou sinuoso.          Eçaraia: o esquecimento                            Eçá : olhos     Espôcar :  arrebentar
Etê: bom,  honrado                        Cuaracy-aba: cabelos louros                    
Guariní: guerreiro, lutador.                                                        Iaciara: o dia de luar     
Iandê: você.                                     Iracema: lábios de mel
Iviturui: frio na parte mais alta de uma serra.                     Jabró: fugir       
Jeroquis: danças                              karará: tambor feito de madeira e pele              
kariay: moço                                    Kunhã-muku-’im: mocinha
kunumim-gûasu: moço
Mampituba : hálito                        Manu: morto                                   Menama: futuro marido
Moîebyr: fazer voltar                 Mombak: fazer acordar              
Naurú:  bravo, herói, cheio de vontade                               Ocaruçu: praça grande
Orube: alegre, feliz        Paem:  tudo          Perudá:  amor                    Pituna: noite                                     Porã: bonito      Poranga: lindo                 Porangatu:  bem bonito, belíssimo                       
Puçá: armadilha                               Puçanga: mezinha, remédio caseiro     
Putári: querer, desejar                Tabaréu: de aldeia diferente                     Tembé: lábios
Teró: flauta de taquara Tiba: cheio                                        Tijucupaua: lamaçal
Tiririka:  erva daninha                   Uaçá: caranguejo                           Urissanê: vagalume
Xarãma: para mim                         Yapira: mel

 
Fontes:
Vocabulário Tupi, Guarani, Português de Silveira Bueno Editora Gráfica Nagy LTDA. (1982);
 
http://www.redebrasileira.com/tupi/vocabulario/x.asp - acesso 11/4/2013; (Material cortesia do Dicionário Tupí - Português Márcio S. Pinheiro / Prof. Joubert Di Mauro);
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