História da Psicologia
Terça-feira feira, 22 horas. No dia seguinte começariam suas provas do curso de Psicologia'. Era necessário estudar muito, muito mesmo. Separou todos os textos que recebera via Internet, pegou os cadernos com as informações transmitida em sala de aula, bem como o caderno com os resumos que fizera do livro que fora adotado para uma das matérias. Suspirou desanimado ao contemplar o volume de informações que deveria saber se quisesse tirar notas razoáveis. Pegou um bloco de nota e uma caneta, buscou uma almofada para se acomodar melhor na cadeira, entrelaçou os dedos e, virando as duas mãos, esticou-as para frente estalando os dedos simultaneamente. Pegou um dos textos com a mão esquerda enquanto a direita segurou a caneta, pronto para anotar os pontos que fossem considerados importantes. Começou a ler:
'Breve História da Ciência' – É uma criação dos últimos 300 anos, foi feito no mundo e pelo mundo, que estabilizou sua forma por volta de 1660, quando a Europa sacudiu por fim o longo pesadelo das guerras religiosas e se estabeleceu zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz Hã! Hã! Numa vida de exploração comercial e industrial' zzzzzzzzzZZZZZZZ.
Percebeu que a batalha não ia ser fácil. Nem bem começara a ler e já dera dois cochilos. Ajeitou-se na cadeira. Esticou os braços para cima e para trás. Esticou as pernas também. Levantou e andou um pouco com o intuito de despertar. Sentou-se novamente e reiniciou a leitura:
' O mundo medieval era passivo e simbólico, via nas formas da natureza a assinatura do criador, desde os primeiros balbucios da ciência entre os mercadores aventureiros da Renascença, o mundo moderno tem sido uma ativa máquina. Tornou-se o mundo dia a dia comercial do século XVII' zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.
Vinte minutos depois acordou. O bloco de notas estava molhado, ou melhor, babado. Foi até o banheiro, pegou um pouco de papel e tentou enxugá-lo. Não obtendo o resultado esperado, arrancou as primeiras páginas e jogou fora. Sentou-se novamente a fim de travar a batalha Hercúlea que tinha diante de si. . Pigarreou duas ou três vezes e tentou reiniciar a leitura:
' E os instrumentos da ciência foram se especializando, do campo da astronomia para o da navegação e, para, enfim, o mundo...zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.
Foi assim a noite inteira. No dia seguinte, ainda dormindo, foi para a faculdade. Na prova a tarefa que fora lhe dada era uma só – Escrever sobre os primórdios da Psicologia. Depois de refletir sobre tudo que estudara nos últimos dois meses escreveu o seguinte:
Tudo começou na Ágora, em Neanderthal, lugar privado, frequentado pelos sábios e ociosos da época. Maquiavel, o benigno, ao encontrar Montaigne, o grande, convidou-o para ir com ele observar como estava a construção do Eu, pois ouvira dizer que a obra estava bem adiantada. No caminho os dois encontraram Descartes, que ouvia de Sócrates o relato de um acidente de carro que ele presenciara. Ao chegarem na Idade Média - mais conhecida como Idade Média Alta por situar numa região montanhosa – entraram numa feira, onde encontraram uma multidão barulhenta. No centro dela viram Cristóvão Colombo numa discussão acalorada com Copérnico, que insistia que a terra era plana e, se ele se aventurasse naquela viagem maluca, por certo cairia numa ribanceira como castigo dos deuses, argumento esse reforçado pelo testemunho de Galileu que, depois de perceber a presença do retrógrado Sir Isaac Newton, bateu na boca e retirou o que disse. Embora, enquanto saía de mansinho, cochichou para Colombo: 'Mas que você cai, cai'. Mais tarde, ao entrarem no bairro do Iluminismo, alcunha recebida pela variedade de luzes que havia ali, encontraram Lévi Strauss discutindo com Tylor sobre as razões que levaram nossos antepassados a deixarem suas vilas e imigrarem para a África. Segundo defendido por ele, haveria um congresso para convencerem a todos das vantagens de andar com as quatros patas, tendo em vista a maior estabilidade que aquela posição proporcionava. Sigmund Freud, que naquele momento conversava com Erasmo de Rotterdam, tentava convencer o companheiro de classe que uma criança de dois meses, se submetida aos exercícios espirituais propostos por ele, conseguiria, num prazo de quatro semanas, cantar a marchinha 'mamãe eu quero mamar', acabando de vez com o conflito de gerações, bem evidente nesse período crítico da vida da jovem mamãe. Enquanto isso Piaget, desiludido com o Heliocentrismo, defendido veementemente pela igreja e pelo um tal de senhor Feudal, retirou-se da vida pública, passando vinte anos em sua casa escrevendo sobre os Tentilhões das ilhas Galápagos, só saindo à convite de Hobbes para proferir, no parlamento inglês, o seu famoso 'Discurso do método', ocasião perdida por Kant, que no momento resolvia uma conflito interno, pois não sabia, diante de tantas Psicologias diferentes, se optava pela Organizacional, Clínica ou Educacional. Outro que perdeu o discurso foi Sebastian Bach, que naquele momento observava atentamente algumas crianças, na faixa etária dos dois aos doze anos, a fim de escrever mais uma de suas famosas fábulas. Uma delas, inclusive, serviu de inspiração para o estúdio Walt Disney produzir o famoso desenho 'A fuga das galinhas'. Enquanto isso Hamlet, depois de estudar sistematicamente o desenvolvimento humano e contribuir para um novo método de ensino, montou em seu cavalo Rocinante, e, atravessando o estreito de Bering, gritou confiante: 'Je pense, donc je suis!'.
Depois de ler atentamente seu texto algumas vezes, sorriu satisfeito. Nunca pensou que conseguiria aprender tantas coisas em tão pouco tempo! Confiante que tiraria uma boa nota, sentiu-se recompensado pelo esforço da noite anterior. Entregou a prova e, com o rosto iluminado por um sorriso, voltou para casa feliz da vida.
Roberto Policiano
3 Comments:
Oiiiê,
SENSACIONAL!!!
Amei o texto. Digno de ser publicado na revista da Unip!
Acho que depois de tanto estudar , nosso cérebro encontra-se
exatamente neste estágio. UFA!
PARABÉNS! amei.
Boas Férias.
Foi muito bom ter convivido com você.
Até,
bjs.
Maria Helena
Vou precisar me aprofundar em várias matérias para entender melhor essa
"História da Psicologia". Por enquanto só deu para perceber que é tão
absurdo quanto engraçado.
Cecilia.
Rs
Muito bom!!
Acho que todo mundo tá um pouco assim, estudar até as 2 hrs não ajuda a cabeça a funcionar direito...
Gostei mesmo..
Ah! Deviamos tê-lo chamado para ser colunista na nossa revista!!
=D
Boas Ferias
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