Marcão
- Lá vem um, Marcão. Vamos começar a trabalhar.
- Deixa esse comigo. Fica só na cobertura. Vou deixar o cara passar do poste, onde está mais escuro.
- Toma cuidado!
- Se liga, mermão. Fui eu que te ensinei as manhas.
- Vai que ele é todo seu.
...
- Escuta aqui, ô meu. Vai passando...
- Marcão! Que surpresa! Ainda ontem estive conversando com a turma a seu respeito.
- Turma? Que turma?
- A turma do colégio. Tava o Chiquinho, o Moita, o Ditão, a Magali, a Silvinha, a Bentinha e o Neguinho. Depois chegou a Tathi e o Pingo. Numa certa altura da conversa alguém lembrou do dia que você ganhou a Ritinha, a garota mais cobiçada do colégio. Lembra-se disso? Foi a maior zoeira, cara! O Paulão, que também estava a fim da mina, quis tirar uma com você. Mano, nunca vi ninguém apanhar tanto! Você deu tanto peteleco nele que o malandro ficou duas semanas sem aparecer por lá e, quando voltou, veio mais afinado que viola de serenata! Você foi demais naquele dia! E o dia que o professor Eustáquio colocou aquele exercício na lousa e desafiou a turma a resolvê-lo. Ele ofereceu 3 pontos, mas ninguém topou. Aí você chegou e, ao ficar sabendo da treta, pegou o giz e fez aquela conta que ocupou metade da lousa! Cara, como o professor te elogiou! Pois é, você sumiu da área, mermão. Onde você tem andado, mano?
- Bem, negócios. Sabe como é a vida. A gente luta daqui, luta dali, e vai tocando como pode.
- Aparece lá no pedaço. A turma vai ficar feliz com tua presença. Lembra do Geninho?
- Sei.
- Sábado ele vai dar um churrasco na casa dele. Ele ainda mora no mesmo lugar. Lembra onde é?
- Claro que lembro.
- Vê se consegue dar uma chegada por lá. A turma vai fazer a maior festa quanto de ver.
- Vou fazer uma forcinha pra ir.
- Preciso ir agora que estou um pouco atrasado. Venha cá, deixa em dar um abraço apertado. Isso. Até mais amigão, estaremos esperando você no sábado.
- Pode esperar que eu chego por lá.
- Até lá!
- Até!
...
- Que aconteceu, Marcão? Quem era aquele cara?
- Um colega meu do tempo do colégio.
- Pô, Marcão, você nunca estudou! O cara enrolou você, meu. Vamos atrás dele que ainda dá tempo de alcançá-lo.
- Não. Deixa o meu amigo ir embora em paz.
- Acorda, Marcão, o cara nunca foi seu amigo. Ele deu um ‘H’ em você.
- Se ele não foi meu amigo antes, foi agora. Ele me fez sentir gente. De repente eu ganhei uma turma, estudei num colégio, ganhei a Ritinha, dei uma surra num tal de Paulão e ainda venci um desafio de um professor. Além do mais, tem uma turma me esperando pra fazer a maior festa! Esse meu amigo, que eu nem sei o seu nome, me deu um passado brilhante e um abraço tão apertado que eu não lembro de ter recebido um igual a esse.
- Se liga, meu irmão, cai na real.
- Tô ligado! É isso mesmo que eu vou fazer. Quem sabe um dia eu encontro a Ritinha? Adeus.
- Aonde você vai, Marcão?
- Mudar de vida. Quero ser o outro Marcão.
- Deixa esse comigo. Fica só na cobertura. Vou deixar o cara passar do poste, onde está mais escuro.
- Toma cuidado!
- Se liga, mermão. Fui eu que te ensinei as manhas.
- Vai que ele é todo seu.
...
- Escuta aqui, ô meu. Vai passando...
- Marcão! Que surpresa! Ainda ontem estive conversando com a turma a seu respeito.
- Turma? Que turma?
- A turma do colégio. Tava o Chiquinho, o Moita, o Ditão, a Magali, a Silvinha, a Bentinha e o Neguinho. Depois chegou a Tathi e o Pingo. Numa certa altura da conversa alguém lembrou do dia que você ganhou a Ritinha, a garota mais cobiçada do colégio. Lembra-se disso? Foi a maior zoeira, cara! O Paulão, que também estava a fim da mina, quis tirar uma com você. Mano, nunca vi ninguém apanhar tanto! Você deu tanto peteleco nele que o malandro ficou duas semanas sem aparecer por lá e, quando voltou, veio mais afinado que viola de serenata! Você foi demais naquele dia! E o dia que o professor Eustáquio colocou aquele exercício na lousa e desafiou a turma a resolvê-lo. Ele ofereceu 3 pontos, mas ninguém topou. Aí você chegou e, ao ficar sabendo da treta, pegou o giz e fez aquela conta que ocupou metade da lousa! Cara, como o professor te elogiou! Pois é, você sumiu da área, mermão. Onde você tem andado, mano?
- Bem, negócios. Sabe como é a vida. A gente luta daqui, luta dali, e vai tocando como pode.
- Aparece lá no pedaço. A turma vai ficar feliz com tua presença. Lembra do Geninho?
- Sei.
- Sábado ele vai dar um churrasco na casa dele. Ele ainda mora no mesmo lugar. Lembra onde é?
- Claro que lembro.
- Vê se consegue dar uma chegada por lá. A turma vai fazer a maior festa quanto de ver.
- Vou fazer uma forcinha pra ir.
- Preciso ir agora que estou um pouco atrasado. Venha cá, deixa em dar um abraço apertado. Isso. Até mais amigão, estaremos esperando você no sábado.
- Pode esperar que eu chego por lá.
- Até lá!
- Até!
...
- Que aconteceu, Marcão? Quem era aquele cara?
- Um colega meu do tempo do colégio.
- Pô, Marcão, você nunca estudou! O cara enrolou você, meu. Vamos atrás dele que ainda dá tempo de alcançá-lo.
- Não. Deixa o meu amigo ir embora em paz.
- Acorda, Marcão, o cara nunca foi seu amigo. Ele deu um ‘H’ em você.
- Se ele não foi meu amigo antes, foi agora. Ele me fez sentir gente. De repente eu ganhei uma turma, estudei num colégio, ganhei a Ritinha, dei uma surra num tal de Paulão e ainda venci um desafio de um professor. Além do mais, tem uma turma me esperando pra fazer a maior festa! Esse meu amigo, que eu nem sei o seu nome, me deu um passado brilhante e um abraço tão apertado que eu não lembro de ter recebido um igual a esse.
- Se liga, meu irmão, cai na real.
- Tô ligado! É isso mesmo que eu vou fazer. Quem sabe um dia eu encontro a Ritinha? Adeus.
- Aonde você vai, Marcão?
- Mudar de vida. Quero ser o outro Marcão.
Roberto Policiano
6 Comments:
Como o nosso passado no influencia né, Rui?
Muito bom seu texto, como sempre!
Saudades!!!
Só para esclarecer - Não tem nada a ver comigo.
Marcão
Que cara mais experto!
bjs
Tadinho do Marcão! Tô torcendo por ele.
bjs
Bem que esta história podia ser real! gostei do 'me deu um passado brilhante'. Dá o que pensar.
bjs.
Esse Marcão é burro mesmo! Caiu direitinho na lábia do outro.
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