Roberto Policiano

19 de mai. de 2008

Intriga Interna

Percebo que meu intelecto
Brigou com o meu corpo.
Acho que não dá mais certo
Um viver perto do outro.

Meu corpo, zangado,
Insiste em não abrir mão
De negar que meu intelecto
Tem sempre toda a razão.

Meu intelecto, por sua vez,
Ofendido e indignado,
Só enxerga o meu corpo
De nariz empinado!

Os dois há muito não se falam.
Há tempos não se entendem!
Estando intrigados se calam.
Quando se tratam se ofendem.

Desconfio que meu intelecto
Fez sua mala e saiu de mansinho.
Acho que Ligou o piloto automático
Deixando o corpo funcionando sozinho.

É que às vezes me pego
Distante de onde estou
E percebo nesta hora
Que meu intelecto escapou.

Pois vejo e não enxergo;
Ouço e não escuto;
Cheiro e não sinto;
Provo e não saboreio;
Toco e não percebo.

Assim, se estou na cidade
Encontro-me no campo!
Se acaso ando por terra
Acho-me perdido no mar!

Então corro para o campo,
Mas não saiu da cidade!
Faço-me à vela,
Mas continuo em terra!



Mesmo quando quero assistir a um filme
De outros pensamentos não me livro.
Não mantenho o pensamento firme
Quando me esforço em ler algum livro.

Se, num esforço árduo,
Procuro manter os dois juntos,
Eles encaram como um fardo
Terem que agir em conjunto!

Já não sei mais o que faço
Para unir estes teimosos!
Já me desfiz em pedaços
Para juntar estes orgulhosos!

Roberto Policiano

1 Comments:

At 10:15 AM, Anonymous Anônimo said...

Esse poema faz lembrar - 'Ser ou não ser?'. Às vezes tb fico 'descolado' de mim mesmo.

 

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