Ressurreição
Não dá para conter o pranto
Pois a visão é macabra
No solo não há mais campo,
Nos morros nenhuma cabra.
Sente-se do solo a febre,
Da carniça o fedor,
Da caatinga, por mais que se negue,
Só sobraram tristeza e dor.
O sol ardente, escaldante,
Deixou a terra crestada.
No horizonte o retirante
Cabisbaixo pega a estrada.
Até mesmo a Asa Branca,
Como nos diz a canção,
Jamais viu, em toda sua vida,
O sertão ser tão sertão!
Mas então a abençoada chuva,
Pedida em toda a oração,
Matou a sede do solo
E trouxe a ressurreição.
Tudo se transforma como que por encanto
O sertão de alegria entra em festa.
Percebe-se isso de canto em canto.
Nota-se isso de fresta em fresta.
No galinheiro um pintinho sai de um ovo.
No curral, a mamar, uma rês nova.
No velho tronco da mangueira um renovo.
A vida em todos os cantos se renova.
No vilarejo vê-se uma bela imagem.
A esperança o povo remoça.
No campo já há pastagem.
O verde já está na roça.
A Asa Branca já voltou para o sertão.
A caatinga passou a viver de novo.
A esperança remoçou o coração
Pois o sertão se revestiu de verde novo!
Roberto Policiano
5 Comments:
'Sertão ser tão sertão'. Gostei disso!
bjs
Gostei dos jogos de palavras, como, por exemplo, ver de novo com verde novo. Parabéns!
bjs
Kika
'Encanto e em canto', outro jogo de palavras legal! tb gostei.
Um belo retrato das regiões norte e nordeste do Brasil. Gostei, parabéns!
bjs
Mais uma vez quero agradecer a visita de todos ao meu blog.
Um grande abraço a todos!
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