Pomar
Caminhava tranquilamente por entre os arvoredos quando, de repente, teve sua atenção atraída por um aroma doce. Aflou a narina, aspirou fundo, e deixou-se conduzir pela percepção. Logo à frente, ao lado de uma árvore robusta, encontrou um caminho que levaria à fonte do cheiro agradável. Depois de contornar um pequeno barranco num caminho íngreme tomado por raízes expostas das árvores, chegou a um bosque amplo. Porém, ao reparar melhor no lugar, percebeu que se travava de um imenso pomar. Uma parreira sustentando cachos de uvas rosadas apareceu à sua direita, dando-lhe a dica de onde se encontrava. Escolheu um cacho e, encanto saboreava a fruta, andou à toa pelo lugar. Várias árvores frutíferas expunham sua produção, como que num festival agrícola. Era difícil dizer qual delas era a mais bonita e a mais convidativa. Provou várias delas, saboreando vagarosamente cada bocado, a fim de tentar julgar qual seria a mais saborosa. Difícil decidir. Resolveu terminar a degustação com uma maravilhosa pêra tentadoramente exibida em um galho de uma das pereiras do lugar. Foi até lá. O galho era alto, mas não tanto. Se ficasse nas pontas dos pés talvez pudesse alcançá-la. Faltaram alguns centímetros para alcançar a fruta. Não se deixou abater. Procurou uma pedra relativamente grande para fazê-la de degrau. Achou-a perto de caquizeiro. Carregou-a até a pereira e tentou novamente. Quanto segurou a pêra firmemente a fim de colhê-la, acordou. Foi um daqueles sonhos que dão água na boca. Teve vontade de comer uma fruta. Mas a geladeira estava tão distante e, além do mais, fruta gelada àquela hora da madrugada, no friozinho que estava fazendo, não cairia bem. Desistiu, depois de um suspiro profundo e, virando de lado, tentou dormir e voltar ao pomar.
Roberto Policiano
2 Comments:
Um final surpreendente e uma descrição primorosa. Que bom seria ter o dom de repetir7recriar sonhos.
Abraços.
Obrigado, Ana. De fato seria ter tal dom. Difícil seria voltar à realidade quando o sonho fosse genial.
Abraços
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