Roberto Policiano

16 de mai. de 2011

Dinâmica Psíquica






Ainda é madrugada quando o EGO se desperta para mais um dia de batalha. Anda muito cansado, pois a vida não lhe tem sido fácil. Mal conseguiu dormir direito pensando em como lidar com tantas pressões que sua posição lhe impõe. O cansaço o faz espreguiçar. Aproveita que ninguém o observa e estica os braços à vontade. Não satisfeito, inclina o corpo para trás a fim de aumentar a sensação de tensão e relaxamento conseguido com isso. Senta-se, apóia as mãos na cama e estica as pernas. Passa as mãos no rosto, na nuca e no pescoço. Estica novamente os braços num movimento de dentro para fora, levando-os do peito, onde se encontravam, para cima e para os lados ao mesmo tempo em que os gira em sentido anti-horário. Uma vontade incontrolável de bocejar apodera-se dele e, como está sozinho, atende a essa vontade sem nenhuma restrição, abrindo a boca o máximo que consegue enquanto libera o som característico do gesto.
- Que maus modos são estes?
- Não liga para esse ranzinza! Libere os teus instintos animais e sinta-se bem. Fale a verdade, não te sentes melhor depois desta espreguiçada? Então porque reprimi-la?
Só então se dá conta que o SUPEREGO e o ID também já estão despertos. Respira fundo e solta um suspiro longo e lamentoso, prevendo que este dia, como todos os anteriores, não lhe será fácil. Às vezes tem vontade de romper com os dois e mandar tudo às favas, mas percebe que, se perder o equilíbrio perderá também a razão, embora, em muitas ocasiões, é exatamente isso que lhe dá vontade de fazer, porém contêm-se por antever o caos que isso criaria.
Sem coragem de dar continuidade ao diálogo que, sabe por experiência própria, só terminará no final do expediente, com fortes argumentos de ambas as partes, fingi não entender e, jogando a toalha no ombro direito, anda arrastando as sandálias enquanto se dirige para o banho, deixando os dois atrás de si discutindo exasperadamente como sempre fazem.






Roberto Policiano