Roberto Policiano

25 de mai. de 2012

Epoché




















Em se tratando de fenomenologia,


usarei a poiesis para falar sobre nós.


Queria que tu fosses minha nóese,


mas awareness


que só podes ser minha nóema.


Esse erlebnis tem resultado


em eclater meu coração.


Porém, quando vou atrás do eidos,


descubro que entre eu e tu há uma holística.


Nessa redução eidética


descobri que entre nós a mitwelt é intensa,


o que me obrigou a dar um ‘passo atrás’


para uma eigenwelt bem séria.


Como isso foi acontecer conosco?


É preciso uma ontologia


para achar o sinn deste fenômeno.


Acho que, por ser um dasein,


ao me relacionar com o welt


muitas vezes minha ‘intuição originária’


impede qualquer reflexão.


É preciso achar a essência de tudo,


e, visto que a consciência é sempre


‘consciência de alguma coisa’,


será necessária uma hermenêutica


a fim de que, após analisar o


‘cenário dos sentidos dos personagens’,


tentar fechar esta Gestalt


da maneira mais suave possível.



Roberto Policiano

 

Poiesis – linguagem poética

nóese, - real

awareness – dar-se conta

nóema - imaginário

erlebnis – Vivido – o que estou vivendo agora

eclater - explosão

eidos, - essênsia

mitwelt – Relação de um dasein com outro dasein

eigenwelt. – relação do dasein consigo mesmo

sinn - sentido

dasein, - ser-aí (pessoa)

welt - mundo

Gestalt – forma? (difícil tradução)

18 de mai. de 2012

Auditoria


Domingo à tarde. Chovia torrencialmente. Desistiu de sair, mas o que fazer? Sentou-se na poltrona da sala de estar; estirou as pernas; esticou os braços longa e demoradamente; bocejou à vontade; largou o corpo relaxado na poltrona e deixou-se ficar assim por vários minutos. Sentiu a necessidade de fazer uma auditoria de sua vida. Tirou o baú do recôndito de seu cérebro; eliminou as teias de aranha; espanou a tampa a fim de se livrar do pó e, com o coração acelerado, abriu o móvel bem devagar. Resolveu contar as lágrimas estocadas. Foi um trabalho doloroso e corajoso. Ao término da contabilidade teve uma triste surpresa – havia mais lágrimas do que as que derramara. Cruzou as pernas, apoiou um dos cotovelos no braço da poltrona, pousou o queixo na mão do braço apoiado, e deixou-se levar em pensamentos. Os olhos, tristes e embaçados, logo ficaram cheios de água, acrescentando lágrimas à sua coleção, pois concluíra que as excedentes foram as lágrimas que causara em outrem. Refletiu um longo tempo sobre a descoberta. Tentou reviver cada situação onde as lágrimas nasceram e participou do longo jogo de autoabsolvição e autocondenação. Suspirou profunda e demoradamente e tomou uma resolução – a mais significativa de sua vida: daquele dia em diante se esforçaria para não acrescentar nenhuma lágrima alheia ao seu baú. Objetivara que, no futuro, ao fazer nova auditoria, se encontra-se algumas lágrimas adicionais, que sejam apenas as suas!
Roberto Policiano

11 de mai. de 2012

Súplica


Por favor,



senta-te aqui ao meu lado.


Deixe-me encontrar em teus abraços


o meu Porto Seguro.






Acaricia-me ternamente


e arranque de minhas entranhas


este meu medo do escuro!



Roberto Policiano