Roberto Policiano

20 de ago. de 2012

Desamparo


De repente deu-se conta
De si mesmo, sua vida.
Viu que tudo que fazia
Já não era o que queria.
A rede de relação que lhe sustentava
Desfez-se, desintegrou-se,
E, despencando numa queda,
Caiu na impropriedade,
No vazio que lhe foi imposto
Por sua sociedade.
Flutuou num eterno vácuo
De uma vida sem sentido
Dominada pelo nada.
Foi-se mundo, foi-se rede relacional,
Ente, ser, existenciais.
Sem elo nem vínculo no mundo,
Fez-se cego, surdo, mudo.
Qual fluido evaporou-se
E nunca mais quis voltar.

Roberto Policiano