Passageiros
A composição estaciona na plataforma
da estação. Massas difusa de pessoas se entrecruzam no movimento de entrada e
saída nos vagões dos trens do metrô. O som da campainha informa a partida da
máquina. E lá vai o trem deslizando sobre os trilhos rumo ao seu próximo
destino, levando em suas entranhas centenas de passageiros. É assim que aquela
multidão - composta de idosos, crianças, jovens, mulheres e homens é nomeada
- passageiros. Tânia, gerente de uma loja num dos shoppings da cidade; Hugo,
recém formado e pequeno empreendedor que joga todas as suas fichas num novo
negócio; Matheus, estudante do segundo ano do ensino básico, acompanhado de
Márcia, sua mãe, funcionária administrativa de uma transportadora de médio
porte; João, desempregado, a caminho de uma entrevista para possível
recolocação no mercado de trabalho; Yoshiro, dono de uma tinturaria; Maria,
empregada de uma padaria; Margareth, bebê de oito meses que, pela primeira vez,
vai sentir a dor de separação de sua mãe, Glória, que a deixará na creche a fim
de assumir seu posto como secretária de uma escola estadual. Ninguém percebe,
mas os seus olhos estão mareados e o sentimento de culpa povoa seu peito por
ter que transferir para outras mãos o cuidado de sua filhinha. Estes, e os
demais ocupantes dos espaços disputados do trem perdem suas identidades, deixam
de ser o que são para se transformarem em meros passageiros que são engolidos e
despejados nas estações do metrô de uma cidade qualquer.
Roberto Policiano
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