Roberto Policiano

17 de set. de 2012

Ser-no-mundo

 


Eis que me apresento
diante de pessoas de todas as idades
para dizer que a vida
nada mais é do que aprender
a festejar e a sofrer,
o que não é novidade.

Confesso que, vivendo,
fiz vários papeis de tolo
e, algumas vezes, de experto.

Com isso fui aprendendo
que a vida é como um jogo,
cujo desfecho é incerto.

Já elevei a minha voz
quando devia amainá-la,
e calei-me assustado
no momento de usá-la.

No entanto, para meu alento,
já disse a palavra certa
e na medida correta,
extirpando de vez um lamento.

Carrego uma mágoa comigo
que não dá para evadir:
quando eu devia ser amigo
equivoquei-me e agredi.

Porém, já emprestei os meus ombros,
já estendi os meus braços,
recuperei de escombros
e confortei em abraços.

Quando achei que era forte
e que suportaria tudo,
uma brisa, vinda do norte,
deixou-me prostrado e mudo.

Por outro lado, em minha fraqueza,
quando achei que acabaria mal,
resisti, como a uma fortaleza,
a fúria de um temporal.

Hoje, das coisas que ouço,
há palavra que me afaga
e expressão que me dói.

E, para ser franco e aberto,
algumas vezes eu acerto,
em muitas, porém, eu me engano.

Agora, finalizando, confesso:
eu não sou bandido e nem herói,
sou simplesmente humano.
 
Roberto Policiano