Roberto Policiano

3 de dez. de 2014

Insônia



A madrugada chegou.

O sono foi até o toalete.

A espera é longa.

O som da chave girando, no entanto,

Indica que o sono foi viajar.

O corpo, ainda indolente,

Delata que a saída foi antecipada.

Unhas e dentes afiados

Arrancam lascas de minutos do tempo,

Que são colocadas ao lado do corpo

Tornando o leito desagradável.

Qualquer movimento fere e sangra.

Um tumulto invade o pensamento

Com falatórios entrecruzando-se.

Uma avalanche de imagens

Ocupa os espaços despercebidos pelos discursos.

Sentimentos dilaceram o cérebro já tomado.

Buscando alívio o corpo deixa a cama

E perambula até a poltrona da sala.

Os minutos parecem acorrentados.

Contradizendo muitos filósofos

Há uma clara dicotomia

Entre a mente desperta

E o corpo adormecido.

Filetes do dia esfiapam a noite

Que, de má vontade, cede seu lugar.

É preciso aprontar-se para a rotina,

E o corpo, qual escravo,

É arrastado para os compromissos.


Roberto Policiano