Roberto Policiano

30 de jun. de 2008

Maravilhosa Loucura


Feliz daquele que um dia lhe conheceu!
Seja como o Sérgio ou como o Tião,
Honrado me sinto por ser primo seu.
Ou mais que um primo - quase que um irmão!


(Esta é para provocar o Luis Antônio)
Aqui minha preferência eu rimo,
Goste o Luis Antônio disso, ou não.
Dele, você é apenas um primo,
Meu, você é quase um irmão.


Com sua imaginação incrível
Você causou, nos engenheiros, pejo,
Pois conseguiu bolar o impossível:
Uma “régua para medir o peso”!


Este seu olhar irrequieto;
Estas suas mãos nervosas;
Deixou-me ficar boquiaberto
Enquanto sorvia suas prosas!


Você senta; ajoelha; levanta;
Cerra os punhos e soca o ar.
Sua lógica maluca me espanta!
Seu raciocínio faz-me pasmar!


Chuta o ar enquanto caminha;
Dá pulinhos nervosos pra lá e pra cá;
Se souber, muito bem, se não, adivinha.
Só ganha quem joga, não importa o placar!


No primeiro instante, você é um gênio!
No instante seguinte, já é uma criança!
Tem planos, projetos, idéias e engenhos
Que instilam em todos um rio de esperança!


Seu cérebro funcionando a todo vapor,
Cria milhares de sinapses num segundo!
E você grita eufórico, sem qualquer pudor:
“Se tiver uma chance eu arrumo este mundo!”

Tira as laranjas que estão na fruteira;
Enfileiram-nas; colocam-nas num círculo;
E ensina-me como, à sua maneira,
Desata os nós e reprova o ridículo!


E quando fomos à casa do seu irmão?
Que modo de ensinar! Lembra como foi?
Arrebatou, de súbito, da fruteira um limão
E, usando uma faca, partiu-o em dois!


E indignado com o que cruza os braços
E, choroso, reclama a Deus o que tinha,
“FOLGADO!”, esbravejou você em desabafo,
“Tenha coragem de fazer cinqüentinha”!


E para ensinar ao seu irmão Zé Roberto?
Você, tal qual um menino pentelho,
Sem meias palavras e num diálogo aberto
Mostrou-lhe sem dó o culpado no espelho!


Não quer que aceitemos qualquer utopia
Só quer nos ensinar sua filosofia:

“Você não precisa
Querer ser o melhor.
Mas faça questão
De fazer o seu melhor”!


Roberto Policiano

23 de jun. de 2008

Balanço


Tudo começava na segunda-feira de manhã. Primeiro tivemos que dizer quantos irmãos tínhamos, depois nossa idade e, por fim, a nota que tiramos na prova. Foram montados gráficos e tabelas a fim de que todos entendessem o assunto em questão. Se quiséssemos estar entre os 25% melhores tínhamos que caminhar, caminhar, caminhar e , pisar no marco que correspondia a 75% da amostra, ou seja, entrar na faixa dos melhores. Se andássemos só um pouquinho, , ficávamos entre os 25% piores. Como profetizado, voou 10 para todos os lados 10gosto, 10sânimo, 10sespero, 10sentendimento, e sabe-se lá quantos 10 mais.
Na terça-feira, logo pela manhã tínhamos... Alguém descobriu o que era? O que estudamos mesmo? A única coisa que lembro é que, no meio do caminho, mudou a professora e nós....bem, ficamos no meio do caminho! Depois do intervalo voltávamos para o bate papo, ou melhor, para a aula. Primeiro foi Vygotsky. Confesso que tive que fazer um intensivão de uma semana, noite e dia, para aprender a pronunciar esse nome. ‘Pessoal, o Vygotsky vai dizer... Ué ele não morreu em 1938? O certo não seria: ‘o Vygotsky nos disse’, ou ‘o Vygotsky falou’? Aprendemos sobre a zona proximal, lembram-se? Foi aí que descobrimos que os professores estavam em todos os lugares, menos nessa zona – quero dizer zona proximal, não vão confundir as coisas. E o Wallon? Pareceu mais com um lusitano perguntando: ‘Alguém biu onde o Wallon caiu’?
Então vinha a quarta-feira. Tenho a leve impressão de que fomos condicionados a vigiar ratos. E ensina o rato, e desensina, ensina, desensina, ensina, desensina... Certinho? Não sei por que, mas fiquei com a impressão de que o rato aprendeu mais do que eu!
Na quinta-feira aprendemos a fazer uma introspecção. Olhamos para o nosso interior, para as nossas entranhas, para cada parte do nosso mais íntimo recôndito para descobrir, no final das contas, que, para nosso desespero, dependemos, para levar uma vida considerada normal, de uma pequena pelanca de 1cm de comprimento, pesando cerca de 0,5 a 1 grama, divididas em três partes iguais, onde são fabricados ou armazenados alguns hormônios que mandam em nossa vida!
E na sexta-feira? Vimos que Mead, Kurt Levin, All Port, e sabe-se lá mais quem, por mais que fizessem para montar, uns uma psicologia social psicológica, outros uma psicologia social sociológica, cuja raiz, embora fincada na Europa, produziu sua árvore nos Estados Unidos, não foram os responsáveis para o desenvolvimento da psicologia social nos moldes como a conhecemos. Se não foram eles, então quem foi? Adolfo Hitler, ele é o culpado de tudo! Taí um bom exemplo de estereotipar alguém, vocês não acham? Não sei não, mas isso está me cheirando a preconceito!
E foi assim que terminamos mais um semestre.
Boas férias a todos! E que o próximo semestre seja melhor do que esse.

17 de jun. de 2008

Reunião




Quando contei ao meu povo a idéia de fazer uma coisa especial para comemorar o centésimo texto postado neste blog, todos ficaram entusiasmado. Povo? Que povo? Você pode perguntar. Os personagens que desfilaram através das crônicas ou dos poemas neste espaço. Quem mais vibrou com a idéia foi a Prima Cotinha. Sua primeira preocupação foi providenciar para que todos os presentes sejam bem atendidos. Seria possível? Qual a probabilidade disso realmente acontecer? Oras, às favas com a probabilidade, vamos tentar! Sabia de antemão que alguns não viriam. Por exemplo, o Tio Lalá, por não estar mais conosco, não comparecerá. A Zezé também não, pois ainda não a encontrei. O Pai, como o tio Lalá, está impedido de vir. O Aldair desapareceu da vila. Deve estar contanto suas vantagens em outros bairros, afinal ele não quer dar a impressão de ser um João Ninguém. O Homem feliz será difícil de ser achado, pois foi visto num trem e, desde então, nunca mais foi encontrado. Quem já confirmaram presença foram: Tiquico, Tio Militão, Leleco, O novato e o Marcão. A vizinha da frente não vem, pois mudou primeiro por se sentir vigiada, não sei por quem. Como o Tio Militão Sabe Das Coisas, garantiu que levará A Vaca Bonanza e mostrará a todos como se ordenha uma vaca de tal modo a tirar até a última gota de leite sem incomodar o animal. Se o pessoal tiver Sorte saborearão um prato especial feito, como diria o cumpade Bebeto, de Mio Cum Fejão. Alguns vêm de longe, portanto, farão a Travessia dessa Cidade Grande no Suburbano. Outros, vindo de mais longe ainda, atravessarão Cidades para chegar ao local da reunião. Meu maior temor é o Tio Militão, com aquele seu Papo Cabeça, encontrar um ouvido indisposto. Se isso acontecer será um desastre anunciado. Portanto, é melhor já ir pensando num Plano B para sair desse Sufoco. Bem, como estou Sem tempo a perder, e como esse é o tempo certo, é melhor ir preparando essa reunião, que nada mais será do que uma pequena fábula, com esses personagens. Desde a infância desse blog pensei na idéia de escrever uma história geral, envolvendo esses meu amigos, que, apesar de imaginários, tenho por eles uma grande amizade. Pode até parecer inacreditável isso, mas às vezes eles me fazem falta. Assim, tomo a liberdade de, como que uma ressurreição coletiva, trazê-los de volta para matar a saudade. Estar lado a lado deles me deixa sem palavras, mas, não tem problema, tudo é uma questão de verbo. Minha esperança é que essa aparição de súbito, não seja uma despedida, pois pretendo continuar compartilhando emoções que, mesmo com toda a simplicidade desse espaço, sirva para fugir da rotina, Pois, em Contraste com a indiferença tão comum nessa nosso planeta terra, onde a crueldade é uma constante, o que pode ser sentindo por exemplo, com o que estão fazendo com os idosos e com as crianças, e abandono x castelo ainda é uma realidade, e, ao lado de uma feliz cidade observa-se, noutra cidade qualquer, lixos & lixos amontoados, gerando descrença de que alguém tome uma atitude a favor de todos e não de apenas alguns privilegiados, podemos, através da poesia, pois acho que sou um poeta, olhar algumas fotografias das emoções, como costumo dizer e, quem sabe, ter um pouco de felicidade. Quem sou eu para fazer isso? Para falar a verdade, nem eu mesmo sei responder isso. Também vivo à procura do Eu, e, creia-me, depois desse negócio de História da Psicologia em que fui me meter, há sempre uma intriga interna que eu tenho que freqüentemente, apaziguar. Portanto minha resolução é, sempre que possível, esquecer a realidade tão cruel e viajar num encontro fortuito, através de poesias e textos, mesmo que sejam classificados como não muito requintados. Que esse seja, mesmo que modesto, meu legado a todos. Eu sei que nem sempre é possível estar Drumondiando, mas sempre é possível filosofar em como se faz poesia! Assim, venha comigo nessa viagem, mas venha sem mágoas. Vamos fazer, mesmo que seja uma homenagem ao memorando, ou, quem sabe, discutir sobre o milagre da vida. Eu preciso, tu precisa, precisamo-nos. Vamos esquecer essa saga masculina ou feminina e suprir nossa carência de emoções. Então, venha para essa reunião, Vamos falar de coisas alegres, relembrar os encontros com o mar, e, como que vivendo o melhor momento, nossa feliz idade, no ápice de nossas vidas, cantaremos a balada da felicidade. Riremos com o poema Full Time, nos emocionaremos ao ler só se for com você, e a jura do amor eterno. Votaremos a resolução do soneto dos namorados. Nesse dia serei tudo que quiseres. Como último desejo, quero ler ao ouvidos de todos "que vontade de um abraço" e, depois de tudo, quero simplesmente quedar ao seu lado tranquilamente.


Roberto Policiano

9 de jun. de 2008

Soneto dos namorados

A emoção é tão latente
Que pelos poros se aflora;
Como se fica contente
Quando a gente se enamora!

São nossos anos dourados
Tão repletos de alegria
Que a festa dos namorados
Não pode ser de um só dia!

Então chego à conclusão:
Apenas um dia marcado
Não cabe tanta euforia,

E proponho a solução:
O dia dos namorados
Terá de ser todo dia!

Roberto Policiano

3 de jun. de 2008

Marcão

- Lá vem um, Marcão. Vamos começar a trabalhar.
- Deixa esse comigo. Fica só na cobertura. Vou deixar o cara passar do poste, onde está mais escuro.
- Toma cuidado!
- Se liga, mermão. Fui eu que te ensinei as manhas.
- Vai que ele é todo seu.
...
- Escuta aqui, ô meu. Vai passando...
- Marcão! Que surpresa! Ainda ontem estive conversando com a turma a seu respeito.
- Turma? Que turma?
- A turma do colégio. Tava o Chiquinho, o Moita, o Ditão, a Magali, a Silvinha, a Bentinha e o Neguinho. Depois chegou a Tathi e o Pingo. Numa certa altura da conversa alguém lembrou do dia que você ganhou a Ritinha, a garota mais cobiçada do colégio. Lembra-se disso? Foi a maior zoeira, cara! O Paulão, que também estava a fim da mina, quis tirar uma com você. Mano, nunca vi ninguém apanhar tanto! Você deu tanto peteleco nele que o malandro ficou duas semanas sem aparecer por lá e, quando voltou, veio mais afinado que viola de serenata! Você foi demais naquele dia! E o dia que o professor Eustáquio colocou aquele exercício na lousa e desafiou a turma a resolvê-lo. Ele ofereceu 3 pontos, mas ninguém topou. Aí você chegou e, ao ficar sabendo da treta, pegou o giz e fez aquela conta que ocupou metade da lousa! Cara, como o professor te elogiou! Pois é, você sumiu da área, mermão. Onde você tem andado, mano?
- Bem, negócios. Sabe como é a vida. A gente luta daqui, luta dali, e vai tocando como pode.
- Aparece lá no pedaço. A turma vai ficar feliz com tua presença. Lembra do Geninho?
- Sei.
- Sábado ele vai dar um churrasco na casa dele. Ele ainda mora no mesmo lugar. Lembra onde é?
- Claro que lembro.
- Vê se consegue dar uma chegada por lá. A turma vai fazer a maior festa quanto de ver.
- Vou fazer uma forcinha pra ir.
- Preciso ir agora que estou um pouco atrasado. Venha cá, deixa em dar um abraço apertado. Isso. Até mais amigão, estaremos esperando você no sábado.
- Pode esperar que eu chego por lá.
- Até lá!
- Até!
...
- Que aconteceu, Marcão? Quem era aquele cara?
- Um colega meu do tempo do colégio.
- Pô, Marcão, você nunca estudou! O cara enrolou você, meu. Vamos atrás dele que ainda dá tempo de alcançá-lo.
- Não. Deixa o meu amigo ir embora em paz.
- Acorda, Marcão, o cara nunca foi seu amigo. Ele deu um ‘H’ em você.
- Se ele não foi meu amigo antes, foi agora. Ele me fez sentir gente. De repente eu ganhei uma turma, estudei num colégio, ganhei a Ritinha, dei uma surra num tal de Paulão e ainda venci um desafio de um professor. Além do mais, tem uma turma me esperando pra fazer a maior festa! Esse meu amigo, que eu nem sei o seu nome, me deu um passado brilhante e um abraço tão apertado que eu não lembro de ter recebido um igual a esse.
- Se liga, meu irmão, cai na real.
- Tô ligado! É isso mesmo que eu vou fazer. Quem sabe um dia eu encontro a Ritinha? Adeus.
- Aonde você vai, Marcão?
- Mudar de vida. Quero ser o outro Marcão.
Roberto Policiano