Praça Alberto Caeiro
Domingo à tarde
Sol e brisa
Brisa e sol.
Praça repleta de pessoas,
Árvores e sombras.
Nas sombras bancos,
Nos bancos amigos,
Entre eles conversas e risos.
Nos gramados crianças.
No ar pipas a bailar.
No cercado de areias
Mães e bebês.
Brinquedos esparramados
Enfeitam e atrapalham.
Há cães que acompanham
E são acompanhados;
Correm, saltitam,
Toscanejam, embaralham-se.
Nos canteiros flores e folhagens.
A visão da praça me tocou
Pelo simples fato de ser praça
E, por ser tal,
Fez-me feliz.
Deixei-me levar
Pela concretude do lugar
Onde vi árvore na árvore;
Criança na criança;
Brinquedo no brinquedo;
Flor na flor;
Gramado no gramado...
Não, a praça não era o todo,
Mas apenas praça,
Exatamente isso.
Nela estava parte da natureza:
Pessoas;
Mães;
Bebês;
Areia;
Canteiro...
Meus olhos viam,
Meus ouvidos ouviam,
Mas meu cérebro não interpretava,
Pois não havia necessidade,
Visto que tudo e todos
Estavam ali,
Era só o que se precisava.
Fiquei apenas admirando,
Exercitando o “pensar-não pensando”,
Ou, talvez, o “não-pensar-pensando”,
Para, quem sabe, atingir
A “inocência de não pensar”.
Sei que, tampouco, devia escrever,
Mas quebrei a regra
E utilizei a linguagem.
Mundo que é mundo
Não cabe interpretação
Apenas observação
E satisfação
Com o fato tangível
De que domingo é domingo;
Sol é sol;
Brisa é brisa;
Praça é praça;
Sombra é sombra;
Banco é banco;
Pipa é pipa;
Cercado é cercado;
Conversa é conversa;
Riso é riso;
Amigo é amigo;
Poeta é poeta
E Alberto Caeiro
Sempre será
Alberto Caeiro.
Roberto Policiano
4 Comments:
:) Gostei muito.
Obrigado, Ana. Agradeço também tua ajuda para lapidar o poema. Um abraço amigo.
Lapidar, Roberto? Eu não fiz nada, nada mesmo. O mérito é todo seu.
Ana, uma consultoria sempre ilumina pontos desconhecidos!
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