Conversa onomatopéica
Cheguei ao pátio
Apurei meus ouvidos
Que, como um polvo gigante,
Estendeu seus tentáculos
Em todas as direções
A fim de captar
Os diversos sons dos
arredores
E, quase que
instantaneamente,
Foram capturados:
Conversas entre cachorros;
Cantos, pios, assobios e
gorjeios de diversos pássaros;
Farfalhar de folhas embaladas
pela brisa;
Estalar da cana de açúcar
envergada pelo vento;
Crepitar de talos e folhas
secas esmagadas
Pelo meu caminhar e o
caminhar de outros;
Roncos de motores de vários
veículos;
Soar de buzinas;
Risadas de um grupo de
pessoas;
Conversas animadas entre
amigos;
Uma explosão;
Música, seguida de um coral;
Barulho de um avião que voava
acima das nuvens;
E todos os sons condensados,
Gerando um barulho contínuo,
Mais ou menos assim:
VRUUUUUUUUMMMMMMMMMMM!
Depois, já reunido com outros
Que passaram por experiências
parecidas à minha,
Participamos numa conversa
onomatopéica
Onde, entre sussurros,
murmúrios e chiados,
Compartilhamos com gozo
O que a natureza segredou a
cada um de nós.
Neste momento mágico
Tudo parou para nos ouvir
Menos o tempo, que,
Seguindo sempre na mesma
direção,
Fluiu discretamente
Sem fazer alarde!
Roberto Policiano
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