Roberto Policiano

27 de jun. de 2013

Conversa onomatopéica




Cheguei ao pátio

Apurei meus ouvidos

Que, como um polvo gigante,

Estendeu seus tentáculos

Em todas as direções

A fim de captar

Os diversos sons dos arredores

E, quase que instantaneamente,

Foram capturados:

Conversas entre cachorros;

Cantos, pios, assobios e gorjeios de diversos pássaros;

Farfalhar de folhas embaladas pela brisa;

Estalar da cana de açúcar envergada pelo vento;

Crepitar de talos e folhas secas esmagadas

Pelo meu caminhar e o caminhar de outros;

Roncos de motores de vários veículos;

Soar de buzinas;

Risadas de um grupo de pessoas;

Conversas animadas entre amigos;

Uma explosão;

Música, seguida de um coral;

Barulho de um avião que voava acima das nuvens;

E todos os sons condensados,

Gerando um barulho contínuo,

Mais ou menos assim:

VRUUUUUUUUMMMMMMMMMMM!

Depois, já reunido com outros

Que passaram por experiências parecidas à minha,

Participamos numa conversa onomatopéica

Onde, entre sussurros, murmúrios e chiados,

Compartilhamos com gozo

O que a natureza segredou a cada um de nós.

Neste momento mágico

Tudo parou para nos ouvir

Menos o tempo, que,

Seguindo sempre na mesma direção,

Fluiu discretamente

Sem fazer alarde!
 
 
Roberto Policiano