Roberto Policiano

3 de jul. de 2013

Paçoca



Passageiros cruzam-se apressados na estação Luz do metrô da cidade de São Paulo. Alguns se dirigem para a linha Azul, enquanto outros se encaminham para a linha Amarela. Ainda um terceiro grupo vão em direção à estação da CPTM – Companhia Paulista de Trens metropolitano. Se fosse tão simples seria muito bom, mas não é. Pessoas apressadas saem de um destes três pontos para um dos dois mencionados,ou para a saída da estação, de modo que fluxos multidirecionais de multidões com pressa se entrecruzam em vários pontos do trajeto. Acrescente a esta onda de profissionais o fato de que a velocidade entre cada um deles é bastante diversas dos demais, gerando manobras de ultrapassagens e brecadas violentas para evitar choques e tente imaginar a cena – algo bem parecido a um formigueiro em plena atividade. Todos, menos um, tentam chegar a seus destinos o quanto antes. Este único traja uma bermuda bem larga, verde pálido, cuja barra está delicadamente presa por um acessório de pano seguro por um botão; uma jaqueta de algodão florida, em tom pastel, cuja largura permitia que o ar fluísse facilmente, permitindo ao usuário uma sensação de frescor; um chapéu de brim; um par de chinelões que, de tão folgado, permite que os pés dancem em seu interior. Como uma clara mensagem de que a pressa não leva a lugar nenhum, segue o nosso personagem a passos de turistas, cuja principal preocupação é partir a paçoca de amendoim com cuidado para não deixar cair nenhum pedacinho daquela gostosura, que ele faz questão de saborear vagarosamente.


Roberto Policiano