Paçoca
Passageiros cruzam-se
apressados na estação Luz do metrô da cidade de São Paulo. Alguns se dirigem
para a linha Azul, enquanto outros se encaminham para a linha Amarela. Ainda um
terceiro grupo vão em direção à estação da CPTM – Companhia Paulista de Trens
metropolitano. Se fosse tão simples seria muito bom, mas não é. Pessoas
apressadas saem de um destes três pontos para um dos dois mencionados,ou para a saída da estação, de modo
que fluxos multidirecionais de multidões com pressa se entrecruzam em vários
pontos do trajeto. Acrescente a esta onda de profissionais o fato de que a
velocidade entre cada um deles é bastante diversas dos demais, gerando manobras
de ultrapassagens e brecadas violentas para evitar choques e tente imaginar a
cena – algo bem parecido a um formigueiro em plena atividade. Todos, menos um,
tentam chegar a seus destinos o quanto antes. Este único traja uma bermuda bem
larga, verde pálido, cuja barra está delicadamente presa por um acessório de
pano seguro por um botão; uma jaqueta de algodão florida, em tom pastel, cuja
largura permitia que o ar fluísse facilmente, permitindo ao usuário uma
sensação de frescor; um chapéu de brim; um par de chinelões que, de tão
folgado, permite que os pés dancem em seu interior. Como uma clara mensagem de
que a pressa não leva a lugar nenhum, segue o nosso personagem a passos de
turistas, cuja principal preocupação é partir a paçoca de amendoim com cuidado
para não deixar cair nenhum pedacinho daquela gostosura, que ele faz questão de
saborear vagarosamente.
Roberto Policiano
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