Roberto Policiano

8 de jan. de 2014

Balão Murcho



Foi numa tarde de sábado. O sol estava abrasador, mas uma brisa agradável temperava o ar. Caminhava ao lado de uma avenida movimentada. Sua atenção foi voltada para uma bexiga de borracha colorida que rodopiava na calçada, mas não levantava voo. Diminuiu o passo e parou a fim de examinar melhor o caso. Percebeu que o balão de ar não estava sozinho, mas preso por um barbante a outro que murchara. Este último impedia que o primeiro ganhasse altura embora se sacudisse para lá e para cá em rodopio, numa tentativa de escapar daquele que o mantinha preso ao chão. No entanto, rejeitando aquela posição de estagnação, continuou a tentar a alcançar a liberdade até que estourou quando sua pele frágil foi arranhada por uma pequenina pedra. E o outro, murcho, sem se dar conta de ter se tornado um empecilho para seu companheiro alçar a liberdade, continuou inerte e sustentando em si os farrapos do que sobrara do outro! O transeunte ficou em pé por alguns minutos observando o barbante que prendia as duas bexigas. De um lado, fiapos daquele que pretendia alcançar os céus, do outro uma borracha murcha que não tinha pretensão de sair do chão e cujo peso impediu seu companheiro de viajar nas asas da brisa.


Roberto Policiano