Roberto Policiano

21 de nov. de 2006

Contraste

Hoje eu olhei no espelho e vi refletir
O mundo em que vivemos, como que por mágica.
Vi um mundo que o homem não soube repartir;
Vi um grande contraste, uma imagem trágica.

Vi, naquele espelho, imagens contrastantes.
Uma retrospectiva do que fizemos até aqui.
Vi coisas bonitas, coisas impressionantes;
Castelos, mansões, iates lanchas, Jet ski...

Pessoas contentes, conversantes, bonitas,
Parecia até uma festa de artistas!
Bem cuidadas, bem produzidas, bem trajadas,
Era como um sonho, um conto de fadas.

E as crianças então? Bem cuidadas, rosadas.
Dava gosto de vê-las todas contentes
Envolvendo o ambiente de alegrias e risadas
Imaginando ser esta a sorte de todas as gentes.

Mas o espelho que é fiel em refletir a verdade,
Ia mais além do que mostrar as coisas belas,
Deixava-me ver tudo, toda a realidade,
Mostrava-me também miséria; cortiços; favelas...

Vultos que, reparando bem, também eram gentes!
Maltratados, malcuidados, maltrapilhos, indigentes,
Cabisbaixos sem esperanças, sem caminhos nem atalhos,
Era como um pesadelo, um desfile de espantalhos.

E as crianças então? Famintas, esquecidas
por uma sociedade pela ganância entorpecida.
Dava pena de vê-las totalmente sem esperanças,
Não tendo nem o direito de serem apenas crianças.

Estas vidas contrastantes, no espelho refletidas,
Tocaram fundo em meu peito, calaram fundo em minha mente.
Fizeram-me refletir no contraste desta vida,
Fazendo-me, de repente, ter vergonha de ser gente!

Roberto Policiano