Roberto Policiano

18 de ago. de 2008

Surrealismo


Caminhava tranqüilamente quando, de súbito, apareceu alguém em sua frente:
- É você quem eu espero há muito tempo.
- Como? Quem é você? De onde você veio?
- Venha, meu amor, tentamos, se for possível, recuperar o tempo em que estivemos separados.
Nisso uma limusine estacionou e, antes de qualquer reação ser esboçada, os dois já estavam confortavelmente instalados no veículo.
- Não se preocupe com nada, pois tudo já está preparado.
- Tudo o quê?
- Nosso casamento, nossa viagem de lua de mel, nosso palacete, os criados, ou, como disse, tudo!
- Você tem certeza que está falando com a pessoa certa?
- Assim como sei que é a luz do sol que ilumina esse dia! Não existe dúvida nenhuma, eu sei, eu sinto, eu tenho convicção, que você é a pessoa que eu preciso e, embora eu compreenda sua surpresa, creia-me, por favor, que a pessoa que está, neste momento, conversando com você, segurando em suas mãos que, sinto, estão trêmulas, e admirando o brilho que seus olhos irradia, é aquela que trará a você toda a felicidade do mundo.
Antes de se recuperar da surpresa a limusine estacionou em frente a um palácio. Ao sair encantou-se com a recepção. Pessoas da mais alta estirpe sorriam e estendiam suas mãos em cumprimento. A seguir os dois foram conduzidos no interior da magnífica construção, que, por mais inacreditável que lhe parecia, era recoberto de ouro. Ao olhar para o chão percebera que caminhava não sobre um tapete vermelho, mas uma passarela tecida com fios de prata.
Ao chegarem no salão principal, o casal foi ovacionado com vivas e aplausos até entrarem num recinto mais reservado onde já se encontravam os familiares mais chegados e os ministros, tanto civil como religioso, a fim de unirem aqueles dois nos laços sagrados do matrimônio. O rei e a rainha vieram até eles e, depois de se curvarem em reverência ao felizardo casal, pediram permissão para conduzi-los até o altar. Assim seguiram, ele enlaçado no braço da rainha e ela no braço do rei.
Depois do cerimonial o maestro, que viera de Viena à convite do rei exclusivamente para reger a música que selaria aquela união tão aguardada por aqueles nobres, deu o sinal a seus trezentos e cinqüenta músicos. Em questão de segundos uma música suave ecoou no magnífico salão:
TRIIIIIIIIMMMMMMMM! TRIIIIIIIIMMMMMMMM! TRIIIIIIIIMMMMMMMM!
- Clic.
Roberto Policiano

4 Comments:

At 1:26 PM, Anonymous Anônimo said...

Estava muito bom para ser verdade! Quantas vezes eu saí de um sonho bom através do despertador. Gostei do texto.
bjs
Kika

 
At 1:55 PM, Anonymous Anônimo said...

A figura do castelo é tão maluca quando o texto.

 
At 3:45 PM, Anonymous Anônimo said...

Dá uma raiva quando acordo no meio de um sonho legal! Dá vontade de jogar o despertador pela janela. Quanto ao texto, tava na cara que ia acabar nisso!
bjs
Tathy

 
At 6:26 PM, Anonymous Anônimo said...

Fiquei triste quando descobri que só era um sonho. Por que não pode ser verdade só uma vez?
bjs
Betinha

 

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