Retomada
Numa retrospectiva
Viu-se em sua meninice.
Notou o sistema a rodear-lhe,
Engolindo sofregamente,
Segundos, minutos, horas,
Dias, semanas, meses e anos.
E o que lhe parecia eterno
Evaporou-se como fumaça no ar.
Deu-se conta do turbilhão
Onde estivera todo esse tempo.
Examinou-se e, por um instante,
Sentiu-se resto, raspa,
Do que já fora antes.
Sua carne, agora amarrotada;
Seus cabelos frágeis, ralos,
E quase sem pigmentação;
Suas mãos trêmulas e fracas;
Suas pernas débeis e vacilantes-
Eis o seu saldo
Na conta da vida.
O sentimento de injustiça
Quis abater-lhe,
Mas afastou isso de si.
Se havia resto,
Se havia raspa,
Havia vida,
Vida havia;
E era sua,
Estava ali
Ao seu dispor
Para dividir
Com quem quisesse.
Assim, ergueu-se,
Livrou-se do pó,
E caminhou.
Se o passo é firme
Ou vacilante,
O que importa?
Se a força mingua,
Se a vida finda,
Não interessa.
E decidiu
Viver a vida
Sem mais ter pressa.
Numa ousadia
Tomou as rédeas
Do próprio tempo.
Cada segundo,
Minuto, ou hora,
Sim, cada dia, semana, mês, ou ano,
Seria seu, esse era o plano.
E pressentiu o turbilhão
De onde escapara
A reclamar-lhe
Este controle.
Mas desdenhou
Este pedido
E, confiante,
Seguiu em frente.
E eu me arrisco
A lhe dizer:
Viu-se em sua meninice.
Notou o sistema a rodear-lhe,
Engolindo sofregamente,
Segundos, minutos, horas,
Dias, semanas, meses e anos.
E o que lhe parecia eterno
Evaporou-se como fumaça no ar.
Deu-se conta do turbilhão
Onde estivera todo esse tempo.
Examinou-se e, por um instante,
Sentiu-se resto, raspa,
Do que já fora antes.
Sua carne, agora amarrotada;
Seus cabelos frágeis, ralos,
E quase sem pigmentação;
Suas mãos trêmulas e fracas;
Suas pernas débeis e vacilantes-
Eis o seu saldo
Na conta da vida.
O sentimento de injustiça
Quis abater-lhe,
Mas afastou isso de si.
Se havia resto,
Se havia raspa,
Havia vida,
Vida havia;
E era sua,
Estava ali
Ao seu dispor
Para dividir
Com quem quisesse.
Assim, ergueu-se,
Livrou-se do pó,
E caminhou.
Se o passo é firme
Ou vacilante,
O que importa?
Se a força mingua,
Se a vida finda,
Não interessa.
E decidiu
Viver a vida
Sem mais ter pressa.
Numa ousadia
Tomou as rédeas
Do próprio tempo.
Cada segundo,
Minuto, ou hora,
Sim, cada dia, semana, mês, ou ano,
Seria seu, esse era o plano.
E pressentiu o turbilhão
De onde escapara
A reclamar-lhe
Este controle.
Mas desdenhou
Este pedido
E, confiante,
Seguiu em frente.
E eu me arrisco
A lhe dizer:
Seguiu contente!
Roberto Policiano
2 Comments:
Gostei muito do poema e da mensagem que transmite - "Se havia resto (...) Havia vida". Muito bonito!
Há, pois, que prosseguir.
Sim, Ana, Há que prosseguir e, se possível, testar novas possibilidades que até então estavam ocutas. Braço
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