"Alguém vai ter que:
Explicar... Pagar... Fazer... Limpar..."
Mas quem é este alguém? Onde
ele se encontra? Perguntas difíceis de serem respondidas. Não se encontra
nenhuma pista. Nos verbos, por exemplo: Eu faço; Tu fazes; Ele faz. Mas e
alguém? Onde ele atua? Consegue se camuflar entre o pronome ele, sem, no
entanto, ser ele. Na realidade, para sua comodidade, segurança e
invisibilidade, prefere atuar no plural, mas, ainda assim, não sai de seu
esconderijo. Não é um de nós, tampouco um de vós, esconde-se entre eles, sem
ser nenhum deles!
Exemplificando: “Quem pegou
o pão que estava aqui?”.
Eu não fui; Tu não foste;
Ele não foi; mas foi alguém. Como vimos a estratégia é se esconder atrás do
pronome ele!
E não é só no verbo que
alguém se camufla, mas também no gênero, visto que pode ser tanto masculino
quanto feminino. Aproveita ainda a faixa etária para se esconder, posto que
pode ter qualquer idade.
Se, por ventura, a
investigação sobre o desaparecimento do pão for aprofundada, o assunto fica ainda
mais misterioso. Continuemos, portanto, a questão:
“Todos devem permanecer no local até que o
culpado seja descoberto”.
Ouve-se então a resposta:
“Mas não foi ninguém!”.
Eis aqui uma solução envolta
em mistério. A expressão “não foi ninguém”, na realidade, isenta-o
da culpa, pois a negativa “não foi”, aponta para outra
pessoa, mas quem? Na certa foi alguém!
Agora, se se afirmasse: “FOI ninguém”, pronto! Estava
identificado o ladrão, e, como resultado, NINGUÉM
seria responsabilizado pelo roubo e receberia a devida pena.
Hércules Poirot concluiria,
num piscar de olhos e numa torcidinha numa das pontas de seu inusitado bigode,
que Alguém está, na realidade,
sempre disfarçado de Ninguém.
Alguém sempre é apontado
como o responsável por tudo o que há de errado e, como nunca se consegue a
identificá-lo, acaba que ninguém sofre as consequências.
O assunto é tão complicado
que, se fizessem a pergunta: “Conhece alguém que...”, a resposta mais prudente
é: “Perdoe-me, mas eu sou novo por aqui e não conheço ninguém”.
Pergunta-se por alguém, mas que resposta se
dá? “Não conheço Ninguém”.
Estranho, muito estranho,
não achas?
É melhor não responder, vai que...
Roberto policiano