Roberto Policiano

17 de jul. de 2013

Alguém





"Alguém vai ter que: Explicar... Pagar... Fazer... Limpar..."

Mas quem é este alguém? Onde ele se encontra? Perguntas difíceis de serem respondidas. Não se encontra nenhuma pista. Nos verbos, por exemplo: Eu faço; Tu fazes; Ele faz. Mas e alguém? Onde ele atua? Consegue se camuflar entre o pronome ele, sem, no entanto, ser ele. Na realidade, para sua comodidade, segurança e invisibilidade, prefere atuar no plural, mas, ainda assim, não sai de seu esconderijo. Não é um de nós, tampouco um de vós, esconde-se entre eles, sem ser nenhum deles!

Exemplificando: “Quem pegou o pão que estava aqui?”.

Eu não fui; Tu não foste; Ele não foi; mas foi alguém. Como vimos a estratégia é se esconder atrás do pronome ele!

E não é só no verbo que alguém se camufla, mas também no gênero, visto que pode ser tanto masculino quanto feminino. Aproveita ainda a faixa etária para se esconder, posto que pode ter qualquer idade.

Se, por ventura, a investigação sobre o desaparecimento do pão for aprofundada, o assunto fica ainda mais misterioso. Continuemos, portanto, a questão:

 “Todos devem permanecer no local até que o culpado seja descoberto”.

Ouve-se então a resposta:

“Mas não foi ninguém!”.

Eis aqui uma solução envolta em mistério. A expressão “não foi ninguém”, na realidade, isenta-o da culpa, pois a negativa “não foi”, aponta para outra pessoa, mas quem? Na certa foi alguém!

Agora, se se afirmasse: “FOI ninguém”, pronto! Estava identificado o ladrão, e, como resultado, NINGUÉM seria responsabilizado pelo roubo e receberia a devida pena.

Hércules Poirot concluiria, num piscar de olhos e numa torcidinha numa das pontas de seu inusitado bigode, que Alguém está, na realidade, sempre disfarçado de Ninguém.

Alguém sempre é apontado como o responsável por tudo o que há de errado e, como nunca se consegue a identificá-lo, acaba que ninguém sofre as consequências.

O assunto é tão complicado que, se fizessem a pergunta: “Conhece alguém que...”, a resposta mais prudente é: “Perdoe-me, mas eu sou novo por aqui e não conheço ninguém”.

Pergunta-se por alguém, mas que resposta se dá?  “Não conheço Ninguém”.

Estranho, muito estranho, não achas?

É melhor não responder, vai que...
 
 
Roberto policiano