Deserto
Dunas
e sol escaldante;
Ar
aquecido ondeia diante de si;
Boca
ressequida;
Lábios
rachados;
Segue
caminhando.
Tropegamente
cambaleia.
O
solo do deserto
Queima
as solas de seus pés.
Anseia
por água, mas se depara com a aridez.
Visualiza
um lago;
Arrasta-se
até ele;
Enche
a sua boca;
Era
apenas uma miragem!
A
farofa de rocha apega-se à mucosa;
Cospe
em desespero;
A
saliva, como cola, dificulta a operação.
Segue
cambaleante.
Vê
novo corpo de água,
Mas
não tem certeza se é real.
Chega
com cuidado,
Tateando
para se certificar da veracidade da percepção.
Sorri
ao sentir o líquido em seus dedos.
Mergulha
com roupa e tudo;
Sacia
a sede pela boca e pelos poros;
Encharca-se
na fonte;
Entrega-se
ao êxtase do momento.
A
caminhada precisa ser retomada.
Dias
transformam-se em semanas
E
a sequidão volta ao organismo.
Novas
miragens se apresentam,
Mas
o tatear preventivo é usado.
Tenta
iludir-se bebendo a própria saliva,
Embora
ciente da inutilidade do ato.
Ergue
os olhos;
Mira
o horizonte;
Vira-se
para o Leste;
Encara
o Oeste;
O
deserto parece interminável.
A
vontade de desistir é grande,
Mas
insiste em prosseguir.
Roberto Policiano
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