Roberto Policiano

28 de ago. de 2013

Café da manhã no metrô



Entrou no trem e, embora houvesse assento disponível, dirigiu-se para um dos cantos do vagão e ficou em pé com o corpo apoiado numa das laterais. Abriu a bolsa e tirou de lá uma embalagem transparente contendo um lanche. Pegou um frasco de uma bebida matinal que trazia em sua parte externa um canudinho. Como se fosse a coisa mais natural a fazer, iniciou sua primeira refeição do dia. Após o consumo dos alimentos abriu a bolsa novamente e repetiu a dose. Ao chegar à estação de destino, desceu, dirigiu-se à lixeira, depositou as embalagens ali e seguiu com pressa a fim de não chegar atrasado ao seu emprego. Um dos passageiros que assistiu a cena pensou perplexo:

“Já não é mais costume sentar-se à mesa para as refeições. Provavelmente, num futuro não muito distante, mesas e cadeiras deixarão de serem comercializados. Estamos nos tornando meros veículos que param nos postos de combustíveis para encher o tanque e seguir uma viagem interminável que nos conduzirá a lugar nenhum”.
 
 
Roberto Policiano