Roberto Policiano

9 de jul. de 2014

Coprófagos




De repente me dei conta de que somos tratados como coprófagos. Não sabe do que se trata? Tudo bem, não se preocupe, pois não é uma palavra que faz parte do nosso cotidiano, portanto não aparece em jornais ou periódicos comuns. Aliás este fato é muito significativo, mas depois eu volto a ele. Quero primeiro matar sua curiosidade sobre o que vem a ser isso. Ele nada mais é do que um scarafaius. Para ajudá-lo o nome anterior é uma variante de scarabaeus. É uma designação comum – comum? – de insetos pertencentes à grande família dos Scarabaeidade, ou, se facilitar, dos escarabeídeos. Estou falando do velho escaravelho, também conhecido como escarabeu, carocha, rola-bosta, capitão, coró, bicho-bolo e bicho-carpinteiro. Chamá-lo de velho não é exagero nenhum, pois o scarabeus sacer, ou, se preferir, o escaravelho sagrado, era conhecido e adorado pelos antigos egípcios e usado como amuleto relacionado com a vida após a morte e a ressurreição.

E o que pretendo eu ao dizer que somos tratados como estes besouros pesados e coloridos, designados cientificamente como coleópteros e coprófagos? Pois bem, sabia que muitos deles se alimentam de excrementos de mamíferos herbívoros? Tente visualizar a mamãe Scarabeus sacer preparando uma bolinha de excremento e, algumas, um pouco mais voltada para a arte culinária, fazendo uma cobertura de barro sobre o prato principal para, em seguida, levá-lo a um esconderijo, onde deposita um ovo para que seu rebento, seu querido filhinho, tenha o que comer quando nascer! Tendo providenciado o dejejum para os seus, chegou a vez de providenciar a refeição para a família. Entendeu porque alguns deles recebe o nome de rola-bosta? Não quero nem pensar numa confraternização familiar! Muitas espécies, na ânsia de prover sustento suficiente para o futuro, vive quase que exclusivamente para estocar excremento em vários pontos do terreno, muitos deles dos quais jamais se lembrará!

Agora olhe para nós. O que se nos oferece? Em quê estamos empenhando nossas vidas? Quantas ‘porcarias’ consumimos constantemente? Quantas quinquilharias nos são oferecidas com a garantia de que elas são necessárias para a nossa ‘felicidade’? E, convencidos de que se nos oferecem o que há de melhor, passamos nossas vidas a ajuntá-las. Responda-me sinceramente – Somos ou não somos coprófagos?   

Roberto Policiano