Roberto Policiano

2 de jul. de 2014

Embrutecidos




 
 
De repente é sexta,

Logo após, segunda,

Como a uma roleta

A rotina nos circunda.

 

Janeiro, maio, outubro,

Rola o ano enlouquecido,

E nós, prisioneiros ao cubo,

Tornamo-nos embrutecidos.

 

Passa a vida como um poste

Visto da janela do trem,

E, quanto menos goste,

O passageiro é mais ninguém.

 

Somos conhecidos por números

Registrados em documentos,

Equacionados em meros

Percentuais para argumentos.

 

"Fez-se tantos para algumas";

"Conseguiu-se tais melhorias";

Mão incisiva que empunha

Provas de boas parcerias.

 

Já não pulsam corações

A não ser em laboratórios;

Não para medir emoções,

Mas preencher relatórios.

 

Se bater tantos por minutos

Os impulsos estão normais.

Fomos reduzidos a diminutos

Biológicos funcionais.


Roberto Policiano

2 Comments:

At 1:53 PM, Anonymous Cecilia Cardoso da Silva said...

Gostei. Muito original e verdadeiro.

 
At 11:05 AM, Anonymous Roberto Policiano said...

Preocupantemente verdadeiro, Cecília! Obrigado pela visita e pelo comentário. Abraços!

 

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