Roberto Policiano

26 de ago. de 2008

Severinos


José Severino
Nascido no norte
Menino franzino
Reclama-lhe a morte.

José Severino
Num golpe de sorte
Mudou seu destino
Fugiu da sua morte.

Viveu na caatinga
Num tórrido lote
Não tendo cacimba
Juntou água em pote.

Fugindo da fome
Buscou outra sorte
Qual filho que some
Mudou-se do norte.

Sem chance na vida
Sem nome nem dote
Partiu pra sua lida
Tentou dar um bote.

Fugiu da miséria,
Da seca e da fome.
Numa luta séria
Que marca e consome.

Já foi faxineiro,
Camelô, frentista,
Servente, pedreiro,
E até motorista.

Dormiu ao relento;
Num banco de praça;
Atrás dum convento;
Num monte de latas.

Montou um barraco
Em uma favela
Com piso de caco
Clareado com vela.

Achou Severina
Mulher de coragem
Juntaram suas sinas
E suas bagagens.

Montaram barraca
E vendem na feira
Cebola e batata
A semana inteira.

O filho da terra
Sedenta do norte
Não se desespera
Se lida co’a morte.

Quando a vida esbarra
Parte pra labuta.
Arranca na marra,
Na força, na luta.

Assim eu termino
De narrar suas sinas:
Venceu Severino!
Venceu Severina!


Roberto Policiano

5 Comments:

At 6:43 PM, Anonymous Anônimo said...

homenagem merecida aos nortistas. Assino em baixo. Parabéns pela inciativa, Roberto

 
At 5:05 PM, Anonymous Anônimo said...

Felizmente esse Severino e essa Severina venceram, mas quantos consegue isso?
bjs

 
At 6:13 PM, Anonymous Anônimo said...

Lembrou literatura de cordel.
bjs
Kika

 
At 8:51 AM, Blogger Camis said...

Massa!!
`Parece até um Rap..

Um abraço!

Bom fim de semana!

 
At 2:39 PM, Anonymous Anônimo said...

Amigos e amigas - obrigado pelas visitas e comentários. 'Severinos' estava no 'forno' há um bom tempo. Francamente não fiquei satisfeito com o resultado final, mas espero ter conseguido transmitir a homenagem que pretendia. Um grande abraço a todos

 

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