Roberto Policiano

8 de set. de 2008

Realismo


ele – periferia
ela – condomínio de alto padrão
ele – quatro horas da manhã
ela – oito horas da manhã
ele – pão com margarina e xícara de café
ela – croissant, geléia de cerejas e suco de laranja
ele – samba
ela – jazz
ele – futebol
ela – golfe
ele – assalariado
ela – empresária
ele – vinte e sete anos
ela – vinte e quatro anos
ele – ensino médio
ela – administração de empresas
ele – roupa da moda jovem
ela – roupa de grife
ele – ônibus
ela – conversível
ele – mac donald
ela – restaurante francês
ele – solteiro
ela – solteira
ele – shopping de alto padrão
ela – shopping de alto padrão
ele – a serviço
ela – compras
ele – entrada principal a pé
ela – estacionamento VIP
ele – corredor à esquerda
ela – corredor à direita
ele – praça Central
ela – praça Central
ele – olhando para trás distraído
ela – olhando para trás distraída
ele – trombando com ela
ela – trombando com ele
ele – desculpa-me estava distraído
ela – tudo bem também estava desatenta
ele – adeus
ela – adeus
ele – seguiu o caminho dele
ela – seguiu o caminho dela

achou que seria como?


Roberto Policiano

10 Comments:

At 5:50 PM, Anonymous Anônimo said...

Eu pensei que fosse rolar alguma coisa, mas não rolou nada! Mesmo assim achei interessante o desenrolar do texto até o encontro dos dois.
bjs
Kika

 
At 10:25 PM, Blogger Unknown said...

Que pena! Eu ainda acredito em conto de fadas.... rsrsrsr
bjs
Thais Bitencourt

 
At 5:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Este texto engana. Parece que vai acontecer alguma coisa, mas aí vc cai na real.

 
At 3:38 PM, Anonymous Anônimo said...

Interessante o texto. Em nenhum momento o autor falou que aconteceria alguma coisa, mas vc. é levado a crer que vai acontecer. Gostei apesar de, assim como a Thais, ter esperado um 'final feliz'.
bjs

 
At 6:17 PM, Anonymous Anônimo said...

O Texto, como o próprio título diz, é realismo puro. Sem sempre a realidade é surpreendente, ela simplesmente é!

 
At 3:38 PM, Anonymous Anônimo said...

Gostei do texto. Deu para "ver" o movimento dos dois até o encontro no shopping.
bjs
Betinha

 
At 8:09 AM, Anonymous Anônimo said...

Gostei do texto - mais uma vez em destaque a criatividade/versatilidade do autor - mas permito-me fazer uma leitura diferente da dos outros comentadores. O infoque do texto visa sobretudo a diferença social do ele e do ela e, a patir desse conceito, parece pretender provar-se que nada acontece entre ambos porque vivem em mundos paralelos, distantes.
Não me atreveria a concluir nada a partir, unicamente, desse parâmetro. Passamos por milhares de pessoas, ao longo da nossa vida, e tudo se resume a isso - passamos por elas. O amor - suponho que seria esse o final escolhido pelo leitor - vai muito além do que o "permitido" por um mero cruzamento de olhares entre pessoas que apenas, por acaso, se encontram no quotidiano da existência.
Só nos filmes e nos grandes romances de amor seria possível imaginar que esses dois, sem mais nem menos, ao olhar para trás, correriam, de imediato, para os braços um do outro. Seria bonito, não duvido, todavia, ficar-se-ia somente por esse adjectivo.
O amor é muito mais do que isso e não se deixaria abater por barreiras de qualquer espécie, fossem elas sociais, culturais, étnicas ou , desculpem, até mesmo éticas.
Não é o pragmatismo que me faz pensar deste modo, é a certeza de que o amor tudo pode... até mesmo mudar o rumo de existência de alguém. Mas esse amor não pode confundir-se com a simples atracção que um olhar pode suscitar.
Parabéns pelo texto e pela reflexão que ele suscita.

 
At 6:23 PM, Blogger Camis said...

Ahhhhhhhhhh

Que sem graça!!

Rs

Um Abraço!

 
At 6:57 PM, Anonymous Anônimo said...

Ana, concordo com você. Contos de fadas dificilmente acontecem - se é que alguma vez acontece. Como diz o ditado popular, a coisa funciona mais ou menos 'cada um na sua'. Foi o que eu quis dizer no texto que, como é compreensível, decepcionou alguns.
Abraços

 
At 4:17 PM, Anonymous Anônimo said...

Desculpem o meu "infoque". Era enfoque o que deveria ter escrito.

 

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