Alzheimer
Os
músculos desapareceram;
As
pernas cambaleiam ao andar;
As
mãos tateiam a procura de um apoio;
A
mente vaga entre vazios
E
ilhas de lembranças
Nebulosas
e confusas
Onde
passado e presente se misturam;
Os
olhos apequenados quase não veem;
Os
ouvidos captam estrondos como sussurros;
As
pessoas em sua frente
Dançam
confusamente
E
personagens da atualidade
E
de antigamente
Aparecem
e se escondem
Como
uma brincadeira agourenta;
A
comida em sua boca
Parece-lhe
dura como cascalho
Tornando
difícil engoli-la;
Anda
desconfiada de que alguém
Está
lhe tirando algo,
Embora
não saiba precisar
Quem
é a pessoa
Nem
o que lhe foi subtraído;
Talvez
seja a percepção
Das
perdas que a limitam
Deixando-a
confusa num vazio
E
com a sensação angustiante
De
ter sido lesada;
A
energia restante é suficiente
Apenas
para caminhar
De
um cômodo ao outro,
Onde
os dias se arrastam
Como
se estivesse a andar
No
fio que lhe resta da vida.
Roberto Policiano
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