De passagem
Paulinho
passava pela praça do lugar em direção ao ponto de ônibus. Amanhecia e o sol,
que enviava seus primeiros raios , coloria as nuvens com um dourado
suave, espetáculo que não foi percebido pelo garoto, pois, precisando embarcar na
próxima condução para chegar à escola no horário, andava apressado sem notar nada
em sua volta.
Já
em sala de aula o educador tentava transmitir aos alunos uma informação
complexa sobre o tema do dia, mas Paulinho, preocupado com um teste que faria
no clube de natação na tarde daquele dia, não conseguia prestar atenção às
explicações do professor.
Mais
tarde, à beira da piscina, o pequeno atleta ouvia as orientações do instrutor sobre as
técnicas necessárias que deveriam ser usadas a fim de atingir o mínimo
de tempo necessário para prosseguir na competição e não percebia um par
de olhos deitados ternamente sobre ele.
Em
seu apartamento o estudante, absorto nos exercícios que deveriam ser resolvidos
para a aula do dia seguinte, nem percebeu a chuva que caiu naquele entardecer,
nem no belo arco-íris que se formou e que poderia ser apreciado se tão
somente ele se chegasse à janela de seu quarto.
E
seguiu Paulinho neste mesmo ritmo, sempre tendo algo para planejar ,
o que lhe roubava a oportunidade de viver os momentos do presente que passavam
despercebidos.
Algumas
décadas depois o Doutor Paulo, eminente cidadão que se tornou uma referência na
área de sua atuação, enquanto descansava numa cadeira de praia, refletia sobre
sua vida e, por mais que progredira em seu campo de trabalho, e, não obstante o
reconhecimento profissional e a generosa recompensa financeira por suas
contribuições para a ciência, sentia um vazio imenso que ele, embora sábio, não
sabia encontrar uma explicação.
Roberto Policiano
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