O quase nada
Ele
era baixo e um pouco acima do peso – para não chamá-lo de gordo, pois, de fato,
não chegava a sê-lo. Usava camiseta de mangas curtas, porém, como ela era
muito maior do que o número do seu manequim, seus braços eram quase que
completamente cobertos, deixando à mostra apenas cinco centímetros acima de
seus pulsos. Além do mais, a barra da cintura cobria suas pernas quase na
altura dos joelhos. Como ele usava bermuda feita para pessoas com o dobro do
seu tamanho, as barras dela chegavam perto de seus tornozelos, mostrando
apenas uma pequena parte de suas pernas. Os sapatos escolhidos por ele faziam
parecer que seus pés dançassem dentro deles. Para completar seu visual o
indivíduo usava um enorme boné cuja aba escondia quase que totalmente o seu
rosto. Este era o seu traje, não importa qual fosse a estação do ano ou o
clima do momento. De fato, pouco se via do usuário debaixo daqueles panos, o
que fez com que ele ganhasse o apelido de “O quase nada”. Não se sabe quem
criou tal alcunha, mas, como lhe caiu bem – diferente de suas roupas – o título
‘pegou’ imediatamente.
Roberto Policiano
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